O juiz e professor Marcos Scalercio, acusado de tentativa de estupro e assédio sexual que envolveram ao menos 96 mulheres, deve voltar a trabalhar nesta segunda-feira (5), após 20 dias de férias, que ele solicitou como antecipação logo que as primeiras denúncias começaram a ser divulgadas. A informação foi confirmada ao R7 pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 2ª Região, onde Scalercio trabalha.
Apesar de o juiz ter que voltar hoje ao trabalho, ainda não há a confirmação de que ele fará isso de fato.
Os relatos dos abusos foram feitos ao Me Too, organização sem fins lucrativos que oferece assistência jurídica gratuita a vítimas de violência sexual. As denunciantes são advogadas, juízas, bacharéis, alunas e estagiárias que, em algum momento, tiveram contato com o magistrado no curso preparatório Damásio, onde ele era professor, ou no próprio tribunal.
Segundo o relato das vítimas, Scalercio as agarrava e forçava beijos em espaços privados e públicos. Uma delas o denunciou após ter participado de uma reunião em vídeo em que o juiz estava completamente nu e se masturbando, de acordo com o Me Too.
Dos 96 relatos de assédio, ao menos seis são de tentativa de estupro. O juiz havia sido denunciado anteriormente, mas o caso foi arquivado devido à insuficiência de provas para a abertura de um processo.
Agora, com a quantidade de mulheres que afirmam terem sido vítimas, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) apura os casos para decidir se haverá algum processo http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo contra Scalercio. Se não, “ocorrerá o arquivamento do procedimento”, informou o conselho em nota.
O Sintrajud (Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo) deve realizar, às 11h de hoje, um ato em frente ao Fórum Ruy Barbosa, na Barra Funda, na zona oeste, para pedir o afastamento imediato do juiz Marcos Scalercio. “O TRT-2 tem obrigação de se posicionar em defesa da proteção dos direitos das vítimas e não protegendo o juiz.”
O sindicato ainda informou que Scalercio foi transferido para o Fórum Trabalhista da zona sul, para começar a trabalhar lá. Segundo o grupo, “essa medida só pode ser lida como uma forma de proteger o juiz e não encarar de frente a responsabilidade pelos atos dos quais o magistrado é denunciado“.
Marcos Scalercio, que é também professor de direito material e processual do trabalho no cursinho Damásio Educacional, preparatório para concursos públicos em São Paulo, foi afastado da docência após as denúncias.
“A instituição esclarece que atua na promoção de um ambiente acadêmico respeitoso e repudia qualquer ação que seja contrária aos seus valores e ao código de ética. A Administração da Instituição decidiu afastar o docente de suas atividades“, informou a Damásio Educacional em nota.
Apesar da quantidade de denúncias, a defesa do juiz afirmou que ele não é investigado criminalmente.
“Scalercio não responde a qualquer resvalo na esfera criminal, sendo inverídica a informação que parte do pressuposto que o magistrado está denunciado criminalmente. É profissional de reconhecida competência e ilibada conduta pessoal, quer seja no âmbito acadêmico, quer seja no exercício da judicatura“.
Fonte: R7