Não é que o ex-presidente Michel Temer tenha mandado um emissário com o aviso pretendido, ou que tenha telefonado para Bolsonaro dizendo. Mas o aviso chegou a Bolsonaro por pessoas que ouviram Temer afirmar que, desta vez, não conte com ele.
No 7 de setembro da Avenida Paulista tomada por bolsonaristas há um ano, Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de “canalha”, e anunciou que a partir de então não mais respeitaria suas ordens. Arrependeu-se no dia seguinte e miou baixinho.
Telefonou para Temer, pediu ajuda, e mandou um avião buscá-lo em São Paulo. Temer chegou a Brasília com uma nota pronta para Bolsonaro assinar. Bolsonaro leu-a, fez pequenas mudanças, e a nota foi divulgada. Telefonou depois para Alexandre.
Por alguns meses, Bolsonaro incorporou o “Jairzinho Paz & Amor” inventado por Temer, mas não se sentiu bem. Nada tinha a ver com ele. Reconciliado consigo mesmo, para euforia dos seus devotos, voltou a atacar a justiça, ministros e desafetos em geral.
Nada o deixou mais furioso, porém, que o discurso de Alexandre ao assumir a presidência do TSE. Tomou-o como uma ofensa pessoal. No último fim de semana, embora sem ousar citar o nome de Alexandre, indiretamente referiu-se a ele como “vagabundo”.
E, o pior para Bolsonaro: ninguém ligou. Moraes nada disse. Os políticos fingiram não ter escutado. A fala de Bolsonaro não repercutiu nos veículos de comunicação. Isso é um péssimo sinal para Bolsonaro. Sua relevância está em acelerada queda.
Metrópoles