O cantor Zé Ramalho retorna a Brasília com uma apresentação recheada de clássicos. Amanhã, a partir das 22h, ele sobe ao palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Após dois anos em reclusão, Zé Ramalho voltou aos palcos em fevereiro deste ano com a missão de apresentar um espetáculo que fizesse jus aos mais de 40 anos de carreira. Para tal, o cantor se juntou à Banda Z, formada por Rogério Fernandes (baixo), Zé Gomes (percussão), Vladimir Oliveira (teclados), Edu Constant (bateria) e Toti Cavalcanti (sopros). Junto, o grupo tem excursionado em turnê pelos palcos brasileiros, que contempla grandes clássicos, mas sem deixar de fora o lado B. Admirável gado novo, Avôhai, Entre a serpente e a estrela, Beira-mar, Eternas ondas, Garoto de aluguel, Vila do sossego e Banquete de signos devem ser presença certa no repertório. Na estrada desde o começo do ano, a turnê tem sido aclamada por público e crítica especializada. Agora, o cantor estaciona no coração de Brasília. É a primeira passagem pela capital desde 2019.
Atuante desde os anos 1970, Zé Ramalho segue a todo vapor. Ano passado, o cantor fez do limão azedo da reclusão pandêmica uma limonada. O lançamento, em 2021, de um box composto de quatro discos batizado de O garimpo das raridades trouxe à tona canções incríveis, mas, que, porventura, poderiam ter passado batidas para o ouvinte ocasional. Ramalho ainda produz, neste ano, um disco de inéditas previsto para ser lançado em 2023. Entre as sessões de estúdio, o músico encontra o tempo do reencontro com os fãs na extensa turnê de 2022.
Zé Ramalho nasceu em Brejo do Cruz, na Paraíba, em 1949. A vida no sertão serviu de base para que o músico criasse uma miscelânea singular. O repente se juntou ao psicodélico; os Beatles abraçaram Jackson do Pandeiro; Pink Floyd encontrou Luiz Gonzaga. Em posse de um arcabouço musical diverso, Zé Ramalho ainda encontrou inspiração para sobrepor fina poesia à harmonia desenhada por ele. Admirável gado novo, faixa do disco A peleja do diabo com o dono do céu, segundo do cantor, serviu de crítica à ditadura militar brasileira e segue atual nos dias de hoje. São mais de 20 álbuns de estúdios que marcaram diversas gerações de brasileiros dispostos a embarcar na viagem surrealista narrada em voz cavernosa que canta em tom de declamação.
Fonte: Correio Braziliense