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“Quero ver quem vai cumprir”, diz dirigente da PF sobre pedido de prisão da cúpula da corporação

A notícia de que o delegado responsável pela investigação do escândalo que levou à cadeia o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pediu a prisão da cúpula da Polícia Federal por interferência no caso repercutiu muito mal dentro da corporação.


Como a coluna revelou neste sábado, o pedido feito pelo delegado Bruno Calandrini está nas mãos da ministra Cármen Lúcia, relatora do inquérito sobre o caso, em curso no Supremo Tribunal Federal.


Em privado, delegados que ocupam cargos de direção na PF se disseram surpresos com iniciativa de Caladrini e criticaram duramente a postura do colega. Poucos acreditam que a ministra acolherá o pedido. Ao mesmo tempo, há um certo clima de apreensão porque ninguém sabe ao certo quais elementos embasam a petição apresentada ao STF. Por razões óbvias, o delegado não submeteu o pedido a seus superiores antes de enviá-lo à Corte.


“Se ela (Cármen Lúcia) deferir, quero ver quem vai cumprir a ordem de prisão”, diz um delegado que ocupa uma importante posição na hierarquia da Polícia Federal, referindo-se ao fato de que, se a ministra autorizar os pedidos de prisão, os mandados teriam de ser cumpridos por policiais da própria corporação, provavelmente dentro do edifício-sede do órgão.


É a primeira vez na história recente que um delegado pede a prisão de integrantes da cúpula da PF. Bruno Calandrini alega ter havido interferência do alto comando da corporação nas apurações sobre o esquema de corrupção no MEC.


Logo após a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, o delegado chegou a afirmar, em mensagem enviada a um grupo de policiais, que seus superiores estariam impondo obstáculos ao bom andamento da investigação. Ele disse ainda que houve “decisão superior” para que Ribeiro não fosse transferido de São Paulo para Brasília, como desejava a equipe encarregada da apuração.


Àquela altura, a direção da PF alegou não ter condições de atender o pedido do delegado para autorizar a emissão de passagens aéreas para o ex-ministro e para os agentes que fariam a sua escolta. Disse ainda que seria temerário fazer a transferência em um voo de carreira. As aeronaves que integram a frota da própria PF não estavam disponíveis para a equipe.


Fonte/ Portal metropole.com


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