Um novo inquérito foi aberto, em junho deste ano, pela Polícia Civil de São Paulo para investigar novas denúncias de tortura e maus-tratos, desta vez, supostamente contra mais 34 crianças da escola particular de educação infantil Colmeia Mágica, na Zona Leste da capital.
Desde que o caso foi revelado em março de 2022, esta será a segunda investigação envolvendo a escolinha, que desta vez envolve 20 meninos e 14 meninas.
Aberto no início do ano, o primeiro inquérito a 8ª Delegacia Seccional concluiu que duas donas da Colmeia Mágica e uma funcionária cometeram tortura e maus-tratos contra nove alunos, duas meninas e sete meninos.
As denúncias vieram à tona após vídeos circularem nas redes sociais. As imagens mostravam crianças com os braços amarrados sendo alimentadas dentro de um banheiro e chorando. Na gravação, ao menos quatro alunos, dois dos quais embaixo da pia, estavam com os braços envoltos em panos. As imagens teriam sido gravadas por funcionárias descontentes.
A escola particular atendia crianças de 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil. O caso provocou indignação nos pais de alunos. Atualmente a escolinha está fechada.
No dia 10 de maio, a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público contra as duas proprietárias, Roberta e Fernanda Serme e uma funcionária da Colmeia Mágica, Solange Hernandez. As três são rés pelos crimes de tortura e maus-tratos em nove crianças e também foram acusadas por associação criminosa, perigo de vida e constrangimento no mesmo caso.
Roberta, depois de ficar foragida, foi presa em 28 de abril. Já Fernanda foi presa no dia 25 do mesmo mês. A funcionária responde ao processo em liberdade.
Três testemunhas de acusação foram ouvidas, na última sexta-feira (26), durante audiência de instrução do processo que apura os crimes. A audiência foi realizada no Fórum Criminal da Barra Funda, com a presença das rés Roberta e Fernanda, presas preventivamente na penitenciária de Tremembé, no interior paulista.
Para ouvir as demais testemunhas, novas audiências foram marcadas pela Justiça para os dias 13 e 14 de outubro.
Por último, estão previstos os interrogatórios das acusadas. Depois caberá à Justiça julgá-las e decidir se as condena ou absolve. Ainda não há data para o julgamento delas.
Novo inquérito
Aberto em 13 de junho, o segundo inquérito contra a Colmeia Mágica foi aberto pela polícia a pedido do Ministério Público (MP) e por determinação da Justiça. Ele ainda não foi concluído.
A Promotoria quer saber, por exemplo, se a delegacia consegue esclarecer nesta nova investigação se as duas donas e a funcionária da Colmeia Mágica tiveram ajuda de professoras na tortura e nos maus-tratos contra as nove crianças.
Além disso, o Ministério Público ainda pede para a polícia apurar se as 34 novas denúncias realmente aconteceram e quem participou delas.
Essas outras queixas haviam sido feitas na delegacia pelos pais dos alunos logo que o caso veio à tona. Mas como elas não foram apuradas a fundo à época, o promotor pediu que o inquérito sobre a escola fosse desmembrado.
Além das três rés, professoras da escolinha também serão investigadas pela polícia para saber se tiveram algum envolvimento.
Inicialmente, as educadoras foram ouvidas como testemunhas e não como investigadas. Naquela ocasião, elas negaram ter participado dos crimes. Haviam dito que presenciaram as cenas de violência e, por este motivo, decidiram denunciar as donas e a funcionária da escolinha.
Na época elas contaram que Roberta amarrava as crianças, acreditando que com isso elas parariam de chorar. Segundo elas, a diretora não suportava ouvir choros dos alunos. Segundo os depoimentos, Fernanda era conivente com a situação. Há ainda relatos de que Solange chegou a cobrir a cabeça de um bebê com uma coberta, e ele ficou internado num hospital após sentir dificuldades de respirar.