Uma mulher foi vítima de racismo dentro de um shopping em Santos, no litoral de São Paulo. A filha dela, Laila dos Santos, de 35 anos, contou ao g1, neste domingo (14), que estava com a mãe no momento em que uma mulher, de 34 anos, passou apontando com o dedo e falando em voz alta: “preto tem que morrer”. Indignada com a situação, Laila chamou a Polícia Militar e a mulher foi presa em flagrante por discriminação.
O caso ocorreu dentro da loja Riachuelo, no Shopping Praiamar, no bairro Aparecida, e teria sido testemunhado por dezenas de clientes que faziam compras pelo local. O caso repercutiu após ter sido compartilhado nas redes sociais.
A vítima, uma mulher de 55 anos, não quis ser identificada. Laila, a filha dela, contou ao g1 que estava passeando no shopping com a família. Ao se aproximar da entrada de uma loja de departamento, uma mulher passou ofendendo a própria mãe.
“Ela puxou o andador e pegou o cartão dela. Depois, passou perto da gente e perguntou ‘o que você está olhando?’”. Laila respondeu para a moça que ela não deveria tratar a própria mãe daquele jeito. A mulher não respondeu e entrou na loja.
“Eu continuei na porta e minha mãe ficou nas primeiras araras escolhendo a compra para o Dia dos Pais. Essa menina entrou na loja, cutucou a minha mãe e apontou o dedo na cara da minha mãe e falou que ‘preto tem que morrer’. Ela falou em alto tom, e uma funcionária da loja e outras pessoas ouviram”, contou Laila.
De acordo com a filha da vítima, a mulher tentou reverter a situação dizendo que precisava ir embora e chamou a mãe dela. A senhora teria afirmado que a filha estava fora de si, pois tem problemas mentais e possui um laudo psiquiátrico.
Ainda segundo Laila, algumas testemunhas e os agentes de segurança tentaram desestimular que a denúncia fosse feita, mas ela insistiu em chamar a PM para dar andamento ao caso.
“Todo mundo falava que isso não ia dar em nada. Mas, eu afirmei que iria até o final e ia registrar um boletim de ocorrência. Estão ofendendo e matando pessoas utilizando como pretexto laudos para fazer o que querem, e isso tem que ser impedido”. Laila diz que, por conta das falas racistas, a mãe dela “está em estado de choque até agora”.
Além da injúria racial, ela afirmou que também se sentiu humilhada pela maneira como ela e a mãe foram tratadas pelos seguranças após o ocorrido. Laila gravou um vídeo que mostra parte da discussão após a ofensa racista.
“Chamei os seguranças do shopping para inibir a saída dela. Até o primeiro momento, o pessoal do shopping queria que a gente não filmasse, porque eles não queriam expor a situação, e queriam que a gente fosse para uma sala privada (…). Parece que a gente estava errado. É algo que não dá para acreditar”, afirmou.
A Polícia Militar confirmou ao g1 que foi acionada às 19h32 para atender o caso em que duas mulheres estariam discutindo e uma delas proferiu palavras racistas. Os policiais estiveram no local e conduziram os envolvidos para a delegacia.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), a mulher foi presa em flagrante por praticar discriminação. “Ela foi autuada em flagrante e encaminhada a CPJ [Central de Polícia Judiciária] de Santos onde o caso foi registrado”, informou em nota.
Shopping
O Praiamar Shopping informou, nesta segunda-feira (15), por meio de nota, que é contra todo e qualquer tipo de discriminação e repudia o fato relatado.
A equipe de segurança é treinada para que, em situações semelhantes, assim que relatado, por se tratar de questões que correspondem ao poder de segurança pública e judiciário, solicitarem ao cliente chamar a Polícia. O Praiamar Shopping disse que já se colocou à disposição das autoridades para apurar os fatos.
Além disso, o shopping disse que em nenhum momento os seguranças negligenciariam a injúria racial feita, inclusive, foi prestada toda assistência necessária à vítima, que desde início, foi amparada pela equipe de segurança do shopping. “Reiteramos o apoio prestado para ambas as partes, sempre prezando a segurança de todos os envolvidos“, disse.
G1