Pamela de Oliveira da Silva, de 27 anos, morreu no início desta semana após passar um mês internada na Santa Casa de Campo Grande, com 90% do corpo queimado. A mulher foi encaminhada para a capital após ter o corpo incendiado no dia 21 de julho, em Rochedo, a 67 km da capital. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Dias antes de morrer, Pamela acordou do coma após uma melhora e acusou o marido de tê-la queimado na frente aos filhos, de 10 e 6 anos. Ela contou o que aconteceu com apoio do pai.
O marido deu uma versão diferente aos policiais. Segundo o boletim de ocorrência registrado por ele, toda a família estava em casa quando a mulher ateou fogo no próprio corpo. Ainda segundo a ocorrência, todos viram as chamas e ele correu para ajudar Pamela. No relato, ele disse que pegou primeiro um cobertor e, sem obter sucesso, jogou a mulher em uma caixa d’água.
O pai de Pamela foi até a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e informou que a filha teria sido vítima de feminicídio. No boletim de ocorrência, registrado no dia 26 de julho, o homem descreve que os netos presenciaram todo o crime.
Segundo o pai da vítima, o casal teve uma briga e, durante a discussão, o homem teria jogado quatro litros de gasolina no quarto. Tudo estava encharcado de combustível, mas a mulher tentou contornar a situação, pediu para os filhos saírem para brincar e ficou na casa.
A briga continuou até que o marido de Pamela deu socos e chutes na esposa, até ela cair na cama, momento em que riscou o fósforo e fechou a porta.
“Ela falou que tentou sair, mas ele tinha fechado a porta, quando ela saiu, o próprio marido jogou uma coberta, mas não conseguiu apagar o fogo, só depois que ela foi jogada em uma caixa d’água”, afirmou Roberto.
Ainda segundo o pai de Pamela, a neta mais velha procurou uma tia e contou o que tinha acontecido, mas depois foi ameaçada de morte pelo pai, caso contasse o que tinha acontecido. “Sentou os dois e falou que se contassem, mataria os dois”.
Desesperada com a morte da irmã, a mulher contou aos pais o que tinha acontecido. Dias depois, quando conseguiu falar, a própria vítima acusou o marido.
O pai de Pamela explicou ao g1 que a filha viveu com o marido por 11 anos. Por um tempo, eles moraram em uma fazenda, mas conseguiram comprar uma casa em Rochedo para onde se mudaram. Eles moravam na cidade há 8 anos.
O pai de Pamela afirmou que não acredita na hipótese de que a filha teria tentado tirar a própria vida apesar das informações sobre possíveis problemas psicológicos que ela enfrentava.
“Minha filha tinha problema de saúde, tinha que manter o peso devido a um medicamento, que é manipulado. Todo dia ela me mandava mensagem dizendo que tinha conseguido emagrecer”, lamentou.
O homem disse ainda que espera por Justiça e disse que agora luta pela guarda dos netos. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil.