Um ginecologista denunciado por abusar de pacientes durante consultas realizadas nos consultórios que mantinha nas cidades de Suzano (SP) e Recife foi detido na manhã de ontem. A prisão aconteceu Arcoverde (PE) por suspeita de cometer violação sexual mediante fraude contra pelo menos 14 mulheres.
Dois mandados de prisão estavam abertos contra ele. Um pelo TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) e outro pelo TJPE (Tribunal de Justiça de Pernambuco).
Delegada da Mulher de Recife, Ana Luiza de Mendonça declarou que os crimes aconteciam dentro dos consultórios. Segundo ela, o médico, que não teve sua identidade revelada pela polícia, abusava da função dele. “Ele usava da função como ginecologista para se exceder e, durante a consulta, abusar sexualmente dessas pacientes”.
Segundo a delegada, ele não destacava um funcionário ou uma ajudante para permanecer com ele na hora de examinar as pacientes. “Segundo o código de ética médica, normalmente em consultas íntimas ou consultas com mulheres, o ideal é que tenha um assistente na sala. Isso é um sinal de alerta, o médico não chamar um assistente”, apontou Ana Luiza.
A delegada diz que ele também não usava luvas. “Ele tocava, ele tentava estimular a mulher dizendo que isso seria essencial para a melhoria da saúde sexual dela ou a saúde física”.
O médico foi alvo de sete inquéritos em Pernambuco e 14 em São Paulo desde 2016, que resultaram em indiciamento e nos pedidos de prisão, disse a delegada.
Gestor do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil, o delegado Ivaldo Pereira, responsável pela prisão, afirmou que o ginecologista já havia sido detido em outubro de 2020 em Suzano, onde tinha uma clínica.
“Após os abusos aqui em Pernambuco, ele foi a São Paulo, passou a residir em Suzano e cometer também os crimes. Lá, ele foi preso”, declarou Pereira, pontuando que, desta vez, ele foi localizado em Arcoverde, no sertão de Pernambuco.
“Verificamos que ele passou por vários municípios do sertão pernambucano. Conseguimos localizar ele em uma residência. Essa casa ainda estava com uma placa de ‘aluga-se’. Os vizinhos não sabiam quem morava no local”, disse o delegado, lembrando que ele praticamente não saía de casa, para não levantar suspeitas.
Após ser preso em Arcoverde, ele foi levado para o Recife. O médico, ainda segundo o delegado, se recusou a prestar depoimento e disse que só daria alguma declaração na frente do seu advogado.
Universa entrou em contato com os tribunais de Justiça de São Paulo e Pernambuco para obter informações e os contatos da defesa do médico, mas os órgãos judiciais informaram que o caso segue em sigilo por envolver crimes sexuais.