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Entenda por que carne vermelha aumenta risco de doenças no coração

Ter uma rotina alimentar que envolve porções diárias de carne vermelha pode não ser a melhor ideia para uma boa saúde do coração. Um novo estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Tufts e do Instituto de Pesquisa Lerner, ambos nos Estados Unidos, quantificou o impacto do alimento no aumento do risco de doenças cardiovasculares para os mais velhos. A cada 1,1 porção extra por dia, cerca de 75 gramas, o risco aumentou 15%. O trabalho mostra ainda que parte dessa consequência é devido a substâncias liberadas por bactérias que ficam na microbiota intestinal durante a digestão de uma série de nutrientes presentes na carne.


Para chegar à conclusão, o estudo, publicado na revista científica Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, analisou dados de quase 4 mil participantes com mais de 65 anos, monitorados durante em média 12 anos e meio. Ao final, eles constataram um risco aumentado de aterosclerose em 15% entre quem consumia o volume de carne vermelha acima da média, percentual que chegava a 22% considerando todos os tipos de carne em excesso.


Segundo os pesquisadores, o aumento no risco de 15% para 22% foi atribuído principalmente pela adição das carnes processadas, não tendo sido observado um impacto significativo para doenças do coração relacionados à alimentação com aves e peixes.


A aterosclerose é o acúmulo de substâncias como colesterol e gordura nas artérias que leva ao espessamento ou entupimento dos vasos sanguíneos. Isso leva à perda da oxigenação nas regiões irrigadas por esses vasos, o que causa uma série de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).


No entanto, não é apenas o aumento da gordura e do colesterol causado pelo excesso da carne vermelha que leva ao maior risco para os problemas no coração. Pesquisas anteriores já apontavam que certos metabólitos – substâncias liberadas pelas bactérias da microbiota intestinal durante a digestão – aumentam as chances de doenças cardiovasculares.


Com isso, os cientistas do trabalho atual decidiram avaliar as taxas de metabólitos dos participantes para encontrar se havia um aumento dessas substâncias a partir do consumo de carne. Segundo os autores, foi observado de fato um aumento nos níveis de três metabólitos produzidos por bactérias intestinais a partir de nutrientes abundantes na carne vermelha: a TMAO, a gama-butirobetaína e a crotonobetaína.


“Essas descobertas ajudam a responder a perguntas de longa data sobre os mecanismos que ligam as carnes ao risco de doenças cardiovasculares. As interações entre a carne vermelha, nosso microbioma intestinal e os metabólitos bioativos que eles geram parecem ser um caminho importante para o risco, o que cria um novo alvo para possíveis intervenções para reduzir doenças cardíacas”, disse uma das autoras do artigo, Meng Wang, pesquisadora da Universidade de Tufts, em comunicado.


Os pesquisadores afirmam que os metabólitos justificam cerca de 10% da variação no risco de doenças cardiovasculares pelo excesso de carne vermelha. Os demais são fatores como aumento no nível de açúcar do sangue e a ativação de vias gerais de inflamação do organismo pela carne. Esses motivos foram mais significativos para provocar a aterosclerose que o impacto na pressão arterial ou na taxa de colesterol, apontam os autores do estudo.


“Curiosamente, identificamos três caminhos principais que ajudam a explicar as ligações entre carne vermelha e processadas e doenças cardiovasculares – metabólitos relacionados ao microbioma, níveis de glicose no sangue e inflamação geral – e cada um deles parecia mais importante do que os caminhos relacionados ao colesterol ou pressão arterial do sangue. Isso sugere que, ao escolher alimentos de origem animal, é menos importante se concentrar nas diferenças de gordura total, gordura saturada ou colesterol, e mais importante entender melhor os efeitos sobre a saúde de outros componentes desses alimentos, como os metabólitos”, afirma o também autor do estudo e pesquisador da Universidade de Tufts, Dariush Mozaffarian.


Fonte: IG SAÚDE


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