Em meio à estação mais fria do ano, os termômetros apontam temperaturas consideravelmente altas e, devido à ausência de chuvas, o clima passa a sensação de estar ainda mais seco que normal, podendo provocar inúmeros sintomas. Tosse, sangramento nasal, ressecamento da pele e coceiras na garganta estão os principais.
Conforme Camillus Magalhães, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, apesar de comum em grande parte do público, principalmente durante o tempo seco, a coceira na garganta pode ajudar a identificar refluxos laringofaríngeos, resfriados, desidratação, rinite e alergias, desde as respiratórias até as alimentares.
O médico explica que receitas caseiras, como gargarejos, em vez de ajudar na resolução do problema, podem agravar ainda mais o quadro. “Em episódios de coceiras na garganta, a hidratação e umidificação das vias aéreas são sempre o melhor a se fazer, principalmente quando o paciente ainda não passou por uma avaliação especializada. Nunca se deve usar vinagre ou outras substâncias, tais como álcool para gargarejo, uma vez que podem mudar o pH da garganta e levar a outros malefícios”.
Entenda cada um dos problemas
1 – Refluxo laringofaríngeo
O refluxo laringofaríngeo caracteriza-se pelo retorno do alimento do estômago às áreas acima do esfíncter esofágico, incluindo cavidade nasal, boca, faringe, laringe, traqueia e/ou pulmões. “A origem deste problema ainda não está totalmente esclarecida, mas sugere-se que seja multifatorial”, destaca Camillus Magalhães.
2 – Rinite
“A rinite é uma inflamação e/ou disfunção da mucosa de revestimento nasal, caracterizada por alguns dos seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorreia (presença de secreção e corrimento nasal), espirros, prurido nasal e hiposmia, que é a diminuição do olfato induzida pela inalação de algum alérgeno, como o ácaro, por exemplo.”
3 – Resfriado
“O resfriado é um tipo de infecção que acomete as vias aéreas superiores, com foco principal no nariz e na garganta. Seu quadro costuma ser mais leve e limitado, variando entre coriza, espirros e mal-estar.”
4 – Desidratação
Conforme o otorrinolaringologista, a desidratação consiste num quadro em que o organismo apresenta uma quantidade insuficiente de água, devido à ingestão insuficiente de líquidos. “Além da coceira na garganta, ela pode ser acompanhada por sintomas como sede, boca seca, pele e olhos secos e diminuição da quantidade de urina.”
5 – Alergia
A alergia é uma resposta exagerada e excessiva do sistema imunológico a substâncias diversas, que entram em contato com o organismo, seja por via respiratória, cutânea ou até mesmo por ingestão.
De acordo com Camillus Magalhães, além da garganta, as coceiras surgem nos ouvidos, nariz e olhos, que também podem lacrimejar. Além disso, é comum que o indivíduo apresente nariz entupido, espirros, coriza, dores de garganta e no corpo.
“Em outros casos, o paciente pode ainda apresentar sensação de pelo na garganta, pigarro e tosse. Para um diagnóstico correto, é necessária uma visita ao otorrinolaringologista, que fará a correlação dos sintomas. Dessa forma, poderá identificar a causa e o melhor tratamento”, reitera.
Tratamentos
O tratamento ideal para a coceira na garganta irá depender do causador do problema. Por isso, ao apresentar o sintoma, o correto é buscar um especialista.
Camillus Magalhães explica que antialérgicos podem ser indicados para os casos de alergia e as medicações específicas para inibir a secreção gástrica, em casos de refluxo. No entanto, também é importante mudar o estilo de vida e a alimentação.
“Para a maioria dos casos, o ideal é a hidratação, que deve ser feita em abundância. Também é importante que as pessoas nunca se automediquem, já que este hábito, em vez de tratar o problema, pode mascarar os sintomas da doença”, finaliza o otorrinolaringologista.