Étienne Klein, cientista francês que chefia o departamento de pesquisa da Comissão Francesa de Energia Atômica, postou no Twitter uma imagem que dizia ser da estrela mais próxima do Sol capturada pelas lentes do poderoso telescópio James Webb.
O post, que já passou de 17 mil curtidas, mostrava para os seus 92 mil seguidores o que poderia ser um planeta avermelhado, com nebulosas brancas e laranja em um fundo preto.
Mas tudo não passava de uma grande piada. A foto era de um salame do tipo chouriço ibérico.
O tuíte (veja abaixo em francês) dizia: “Foto de Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol, localizada a 4,2 anos-luz de nós. Foi capturada pelo JWST. Este nível de detalhe… Um novo mundo é revelado dia após dia.”
O cientista se desculpou pela “pegadinha” e disse que foi uma forma de questionar a credibilidade que vozes de especialistas têm nas redes sociais e ao que considera uma frágil verificação de conteúdo.
“Diante de alguns comentários, sinto-me obrigado a esclarecer que este tuíte que mostra uma suposta foto da Proxima Centauro foi uma forma de diversão. Vamos aprender a desconfiar tanto dos argumentos de autoridades quanto da eloquência espontânea de certas imagens…”, escreveu.
“Bem, na hora do aperitivo os vieses cognitivos parecem encontrar algo para se divertir… Portanto, tome cuidado com eles. De acordo com a cosmologia contemporânea, não há objeto pertencente à charcutaria espanhola, exceto na Terra”, acrescentou.
Objetivo pedagógico’
Klein, físico e filósofo da ciência, afirmou ao portal francês Le Point que era “a primeira vez que faço uma piada nessa rede como figura de autoridade científica. A boa notícia é que alguns entenderam imediatamente a mentira, embora também tenham sido necessários dois tuítes para esclarecer totalmente”.
Ele disse que era como se fosse uma experiência e que a reação ao post “ilustra o fato de nesse tipo de redes sociais as fake news têm sempre mais sucesso do que as notícias reais”.
O cientista acreditava que se não tivesse relacionado a imagem do salame ao telescópio James Webb, “não teria feito tanto sucesso”.
O James Webb, lançado em 25 de dezembro do ano passado, custou US$ 10 bilhões (cerca de R$ 53 bilhões) e é o sucessor do famoso telescópio espacial Hubble.
Em julho, foi divulgada a imagem considerada a visão infravermelha mais profunda e detalhada do Universo até hoje, contendo a luz das galáxias que levaram bilhões de anos para chegar até nós.
O telescópio fará diversos tipos de observações do céu, mas os dois principais objetivos são sondar planetas distantes para investigar se eles podem ser habitáveis.
G1 Nacional