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Casal acusa PM de tortura após suspeita de furto de celular 

Representante comercial alega ter sido agredido por sargento da PM — Foto: Arquivo Pessoal

Um representante comercial, de 36 anos, e sua esposa, uma estudante de 35, acusaram um sargento da Polícia Militar, de 37 anos, de ter os torturado com cassetetes e porradas por suspeita de que o casal havia furtado um celular na vila Tepequem, Amajari, região Norte de Roraima. O caso aconteceu no domingo (14) e o homem segue internado até essa segunda-feira (22).


O casal registrou Boletim de Ocorrência (B.O.) e entrou com representação no Ministério Público de Roraima (MPRR) na última terça-feira (16). Em entrevista ao g1, o representando comercial disse estar com lesões sérias no baço, estômago e pâncreas. A estudante não precisou ser internada. De acordo com o representante comercial, o celular foi localizado no dia seguinte e não estava com a vítima.


A reportagem procurou a Polícia Militar, que informou não compactuar com “nenhum desvio de conduta dos seus integrantes” e que as denúncias apresentadas em desfavor do policial militar serão apuradas à luz da ampla defesa e do contraditório.


O g1 também procurou a Polícia Civil para saber o andamento das investigações, mas não obteve resposta até a última atualização da reportagem.


De acordo com a vítima, ele e a esposa estavam em uma confraternização no domingo do Dia dos Pais em uma pousada na serra. Quando o evento estava acabando, uma das pessoas no local perdeu um celular. O casal e outro rapaz foram apontados pelos presentes como os suspeitos de ter furtado o aparelho.


Ele relatou que todos estavam alcoolizados no evento e não haviam muitas pessoas no momento do desaparecimento do telefone. A Polícia Militar foi acionada e foi então que começou as agressões.


Ele [sargento] perguntou se tinha algum suspeito e o dono do celular apontou ‘aquele casal ali e aquele rapaz ali’, que era outra pessoa que não tinha nada a ver com a gente. Do jeito que ele veio foi já falando alto. Minha esposa foi dizer que a gente não fez isso, se explicando, ele veio pro nosso rumo e meteu a mãozada na minha esposa com toda a força possível“, disse.


Ele conta que a esposa, após ser agredida, ainda tentou se explicar, mas o sargento a agrediu mais ainda. Ele foi tentar impedir, mas as agressões se voltaram contra ele, dessa vez com um cassetete.


Ela falou ‘você não pode fazer isso comigo’, foi então que ele bateu com mais força nela. Foram agressões com cassetetes, foi tão forte que ela caiu no chão. Eu fui questionar e ele já veio me pegando com tudo, me arrastando para fora e me dizendo que eu é que tinha roubado e eu precisava dar conta desse celular“.


O homem então relata ter sido arrastado da pousada até sua casa por 400 metros pelo policial. No trajeto, as agressões seguiram. O policial e o dono do celular chegaram a invadir a casa das vítimas, quebrando pertences e destruindo bens.


Ele foi me batendo sem parar até minha casa. Ele me levou arrastado da pousada até minha casa, uns 400 metros, o caminho inteiro me batendo. O dono do celular não me bateu, mas só falava que tinha sido eu. Chegando na minha casa, ele invadiu junto com o dono do celular e mais um amigo dele, reviraram tudo, quebraram um monte de coisas, tive vários pertences sumidos, coisa de valor...”.


Após chegar na casa da vítima, o representante comercial conta que o sargento começou a ameaçá-lo de morte caso ele não saísse da vila o mais rápido possível. Além das ameaças e agressões, o sargento quebrou o telefone da vítima.


Dentro da minha casa ele me torturou pra valer. Começou as ameaças de morte. Foi dentro da minha própria casa. Ele falava que se eu não entregasse o celular ele ia me matar. Me batia com cassetete. Em todo o momento ele repetia que ia me matar. Quando estava parando ele falou ‘só não vou te matar, pois muita gente me viu te pegando’ ele ordenou que eu fosse embora da serra naquele dia mesmo se não ele ia me matar“, relatou.


Sequelas


Após o fim das agressões, ele conta que ficou deitado no chão sem conseguir se mexer, momento em que sua esposa chamou a ambulância que o levou para um pronto socorro em um vilarejo próximo. De lá, ele foi encaminhado para o Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista, onde está internado até agora.


Tive vários problemas por conta das agressões. Fraturei o baço, estômago, pâncreas, tive pancreatite e vou precisar fazer cirurgia. Minha esposa teve ferimentos nos braços, nos joelhos quando caiu e na testa. Mas ela não está internada, está apenas me acompanhando“.


A agressão contra ela foi grave psicologicamente, ele bateu nela muito forte, como quem bate em homem mesmo“.


Agora, ele e a esposa aguardam medidas contra o sargento e cobram justiça pelo o que aconteceu com eles se referindo ao sargento.


Eu quero que a justiça seja feita. Um ser desse não é pessoa, não pode chamar de cidadão. Não pode ser policial, como permitem que isso passe no psicotécnico. A corporação não pode permitir uma coisa dessas, ele precisa ser no mínimo afastado, ele pode fazer isso com outras pessoas“.


Fonte: G1


 


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