A mensagem em áudio no grupo de WhatsApp no telefone celular apreendido pela Polícia Civil e relacionado a um integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) da Baixada Santista dá ideia da organização empresarial da maior e mais perigosa facção criminosa do Brasil.
O áudio foi transcrito e o texto é claro. Mostra que o PCC tem um “setor de empréstimos” criado para ajudar os “irmãos” (batizados) e “companheiros” (simpatizantes) da organização e convoca todos os associados com dívida em atraso a quitar os débitos.
O “salve”, como são chamados os recados da facção, tem data de 11 de maio de 2022 e diz que a lista de endividados é extensa. Na mensagem, o “setor de empréstimos” afirma que tem ciência dos “tempos difíceis”, mas adverte que é necessário analisar caso a caso das dívidas com a “família” (PCC).
Segundo a Polícia Civil, o telefone celular apreendido era usado por Sandro Vieira Conceição, 30, o Patinho. Ele está foragido e é acusado de participação no assassinato de Gilianderson dos Santos, 37, morto a tiros dentro do Hospital Santo Amaro, no Guarujá, em 24 de abril deste ano.
As investigações apontaram que o ortopedista Alexandre Pedroso Ribeiro, 54, funcionário do hospital e conhecido no Guarujá como “Doutor PCC”, facilitou a entrada de Sandro e de Vitor Hugo Assunção, 26, o Pikachu, na unidade hospitalar, para executar o homicídio.
Gilianderson foi decretado à morte a mando do PCC sob a acusação de ter cometido crime sexual. Dois dias antes de ser morto, ele foi baleado e por isso estava internado. Os três envolvidos no assassinato dele foram denunciados à Justiça e são réus. O médico e Vitor Hugo estão presos.
Gravação sobre o setor de empréstimo foi encontrada no celular de Sandro, segundo a polícia.