O padrasto que foi denunciado à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por um suposto caso de maus-tratos contra três crianças de 12, 9 e 7 anos nega as acusações feitas pela vizinha. Segundo ele, os áudios são falsos e as fotos descontextualizadas.
O homem, que não terá o nome revelado para não expor as crianças, entrou em contato com a reportagem e fez questão de dizer que o tratamento dado aos enteados é o melhor possível. “Nós cuidamos muito bem, com muito carinho e amor”, afirmou.
De acordo com o padrasto, a suposta denúncia inventada pela vizinha teria origem em um desentendimento anterior entre os dois. “Ela fica implicando com a gente. Uma vez os meninos sujaram uma parte da área comum do prédio e ela fez um vídeo até a porta da minha casa para postar no grupo do condomínio, completamente sem necessidade”, explicou.
Esse foi apenas um dos vários problemas entre os dois. Tanto que em determinado momento, admite o advogado, ele proferiu ameaças. “Realmente fiz isso, pois fiquei muito nervoso, mas é porque essa mulher vem nos perseguindo”, reclamou.
Conforme argumenta, depois dessas discussões, a mulher inventou a denúncia para tentar prejudicá-lo. “Não sei de onde vieram esses áudios, talvez ela tenha forjado, mas as fotos são de um processo onde o Ministério Público entendeu que eu não havia agredido”, defendeu.
O caso
O Metrópoles revelou nessa quarta-feira (20/7) que a PCDF investiga o caso. As surras e os gritos de ira e desespero atravessavam as paredes do apartamento, em Ceilândia. Com isso, as agressões foram denunciadas por vizinhos ao Conselho Tutelar da região http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativa.
Em um episódio registrado pela PCDF em 10 de junho do ano passado, a avó das crianças tenta intervir que a neta de 12 anos fosse surrada dentro de um quarto.
A idosa precisou arrombar a porta e, quando entrou, viu a menina sendo espancada e segurada pelos cabelos pela mãe. Quando tentou apartar, a avó foi empurrada, estapeada e levou uma surra do padrasto, que usou um cabo de vassoura para atacá-la. O homem é advogado e tem carteira da Ordem ativa.
Veja imagens dos hematomas nas crianças após espancamentos:
“Te racho na porrada”
Revoltadas com o espancamento das crianças, pessoas que moram no mesmo prédio do casal pediam socorro e mandavam mensagens em um grupo de WhatsApp formado pelos moradores. Uma pessoa tentou intervir no grupo para que as agressões parassem. O advogado, então, ameaçou espancar uma vizinha.
“Se a senhora postar mais alguma coisa no grupo, a senhora pode ter certeza de que eu vou rachar tua cara na porrada. E tu pode ter certeza disso. Eu vou mandar logo aqui no grupo para esculachar essa porra. Porque, se tu postar mais alguma coisa e eu me sentir ofendido ou exposto, você pode ter certeza que eu vou lhe quebrar na porrada. Pode ir na polícia registrar um boletim de ocorrência, porque crime de ameaça é de menor potencial ofensivo e não dá nada”, disse o advogado e padrasto das crianças.
Ouça ameaças feitas pelo advogado acusado de espancar enteados:
Irritado, o advogado acusado de espancar os enteados reafirmou, em áudio postado no grupo, a ameaça à moradora. “Basta postar novamente. Se eu me sentir ofendido, eu vou te arregaçar na porrada. Posta aí, se você tem coragem”, desafiou. Depois, a mulher registrou boletim de ocorrência sobre a ameaça.
Pai temeroso
Na terça-feira (19/7), o pai biológico das crianças foi procurado por moradores do prédio para que tomasse conhecimento sobre as sessões de espancamento cometidos contra os filhos. Além disso, o terror psicológico recheado de ameaças e agressões verbais também teriam se intensificado, segundo os denunciantes.
Veja gravação feita pelas crianças espancadas:
Em um dos trechos do vídeo, é possível ouvir o grito do homem: “Moleque filho da puta”.
O pai registrou o caso na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam 2), inclusive com exame de corpo de delito feito pelas crianças no Instituto Médico Legal (IML) da PCDF. Segundo o homem, existe um processo judicial no qual a mãe é ré e que as agressões contra os filhos se intensificaram.
O fato também chegou ao conhecimento do Conselho Tutelar e aparece na ata de ocorrências do condomínio onde moram os envolvidos. O pai relatou aos policiais que teme pela vida dos filhos.