Médico estuprador vai para mesmo presídio que Jairinho

O médico anestesista acusado de estupro e o médico e ex-vereador Jairinho, réu pelo homicídio do enteado. | Divulgação: Montagem

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu manter preso o anestesista acusado de estuprar uma paciente durante uma cesárea no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti. Ele deve ser transferido para o mesmo presídio onde está Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho.


Giovanni Quintella Bezerra foi detido em flagrante nesta segunda (11), após ser filmado por funcionários do hospital colocando o pênis na boca da mulher desacordada, e passou por audiência de custódia nesta terça (12) em Benfica, na zona norte carioca.


Sua prisão foi convertida em preventiva, com prazo de 90 dias prorrogáveis, e ficou decidido que ele seria levado ainda nesta terça para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8. A unidade da zona oeste recebe os detentos com nível superior.


É lá que está preso há mais de um ano o médico e ex-vereador Jairinho, réu pelo homicídio do menino Henry Borel, filho de sua ex-namorada Monique Medeiros. Também já ficaram ali Sérgio Cabral, ex-governador fluminense, e Roberto Jefferson, ex-deputado e ex-presidente do PTB.


Segundo a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, ele deve ser colocado em uma cela individual. Bezerra foi indiciado sob suspeita de estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de prisão.


A reportagem apurou que ele estava acompanhado de um advogado na audiência, mas sua defesa ainda não se apresentou publicamente. Ele ficou em silêncio em depoimento à Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti.


O advogado Hugo Novais, que também defende Monique Medeiros, chegou a assumir o caso, mas desistiu no fim da tarde desta segunda. Antes, ele havia dito que só manifestaria sobre a acusação após ter acesso aos depoimentos e provas apresentados na audiência de custódia.


Na decisão que converteu a prisão em preventiva, a juíza Rachel Assad escreveu que “a gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico”.


“Em um parto onde a mulher, além de anestesiada, dava luz ao seu filho [sic] -em um dos prováveis momentos mais importantes de sua vida- o custodiado, valendo-se de sua profissão, viola todos os direitos que ela tinha sobre si mesma. Portanto, o dia do nascimento de seu filho será marcado pelo trauma decorrente da brutal conduta por ele praticada, o que será recordado em todos os aniversários”, afirmou.


A Polícia Civil investiga se outras cinco pacientes foram estupradas pelo anestesista. Três delas já prestaram depoimento, duas nesta terça. Uma também foi atendida no Hospital da Mulher e a outra, no Hospital da Mãe, em Mesquita (Baixada Fluminense).


Ambas relataram que foram muito sedadas durante a cirurgia. A polícia suspeita que Bezerra utilizava sedativos em excesso para abusar das mulheres.


A terceira mulher, de 23 anos, já havia se apresentado na delegacia na segunda dizendo ter sido vítima do médico. Familiares afirmaram aos investigadores que ela também foi estuprada durante uma cesárea realizada no mesmo hospital, no dia 6 de julho.


Sua mãe diz que a filha saiu totalmente dopada do procedimento e que acordou apenas no dia seguinte à noite. Ainda segundo ela, a filha acordou com uma substância branca no pescoço. Inicialmente, a família achou que era resultado de algum procedimento do hospital.


Quando assistiu ao noticiário nesta segunda e viu que o médico havia sido preso, porém, ela concluiu que sua filha também havia sido vítima.


Os frascos do sedativo usado na cesariana foram apreendidos, e funcionários do hospital prestaram depoimento na delegacia. As investigações continuam para apurar outras possíveis condutas criminosas do médico.


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