Um jovem de 23 anos está sob custódia na Bolívia acusado do crime de tráfico de pessoas após vender sua filha de quase um mês e meio por US$ 287, aproximadamente R$ 1.560, por uma publicação na internet.
O acusado é Faustino C.M. que, antes de consumar a entrega, “teria postado [o anúncio] nas redes sociais oferecendo a criança”, inicialmente por US$ 690, cerca de R$ 3.750, segundo disse à imprensa nesta terça-feira, 12, o diretor da Força Especial de Combate ao Crime da cidade de de Santa Cruz, Júlio César Cossio.
O oficial afirmou ainda que o homem havia manifestado repúdio pela criança desde o momento em que soube que a companheira, uma jovem de 17 anos, estava grávida. Ele teria tentado, inclusive, forçá-la a fazer um aborto. Após o nascimento da bebê, o sujeito novamente “assediou” e “incitou” a mãe a se livrar da menina até concretizar a venda por menos da metade do preço inicial para um casal identificado como Carmen C.C. e Germán T.D., detalhou Cossío.
A denúncia da mãe fez com que uma operação fosse acionada, primeiro para prender o pai da criança e a compradora. O companheiro da compradora fugiu e é procurado pelas autoridades. A polícia informou que a menina foi submetida a uma avaliação médica que identificou “deterioração do seu estado de saúde, falta de alimentação e descaso”, enquanto a mãe adolescente está sob os cuidados da Ouvidoria da Criança e do Adolescente.
O pai da criança e a compradora devem agora comparecer perante um juiz que avaliará as acusações de tráfico de pessoas, além de adoção ilegal. A possibilidade de o homem ter decidido vender a menina “motivado pela aquisição de um telefone celular” também será avaliada, segundo o comandante da Polícia de Santa Cruz, Erick Holguín.
Em relatório recente publicado também nesta terça, o Ministério Público da Bolívia apurou que entre 1º de janeiro e 30 de junho houve um aumento de 12,14% nas denúncias de crimes de violência de gênero que atingem mulheres, meninas, meninos e adolescentes. Nesse período, foram registrados 24.918 casos e, segundo o relatório, os crimes mais comuns são abuso sexual e estupro, além dos casos de estupro de menores.