Em Salvador, um homem de 44 anos foi preso e liberado após furtar peças de queijo de um supermercado para tentar vender e pagar o aluguel do quarto em que mora com a família. O caso foi considerado um furto famélico, quando é motivado pela fome.
André Ferreira da Silva, que está com a esposa grávida de cinco meses e parou de receber benefícios sociais, foi levado à Central de Flagrantes da capital baiana e narrou uma rotina de privação ao programa “Profissão Repórter”, da TV Globo.
“Hoje é meu aniversário. Estou desesperado aqui. Estou morrendo de fome. A minha preocupação é a minha mulher, que está de barriga. Eu sou homem, eu aguento, mas e a minha mulher, como está?”, questionou, emocionado, um dia após ser solto.
André, desempregado, disse que chegou a pedir ajuda para um irmão, mas, sem receber qualquer resposta, decidiu cometer o furto, qualificado como “famélico”, que ocorre quando um indivíduo furta para poder comer.
Dados da Defensoria Pública da Bahia fornecidos ao programa mostram que, entre 2019 e 2021, os casos de furto do tipo cresceram de 12% para 20% do total de crimes do gênero.
André Ferreira e a esposa foram acolhidos pelo programa Corra pro Abraço, que desde 2016 lida com pessoas presas em flagrante por situação de pobreza. Segundo a supervisora da iniciativa, Alessandra Coelho, muitos dos atendidos, quando abordados, estão há dois dias sem comer.
“A gente vai tentar desbloquear esse benefício [social]. Ele não precisaria estar nessa situação se ele tivesse assegurado seus direitos sociais, né? Que são de todos nós, porque a fome não espera”, afirmou à emissora.