A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou na terça-feira (19) um projeto de lei que protege os direitos do casamento gay, depois que a decisão da Suprema Corte de derrubar Roe vs. Wade colocou em risco precedentes semelhantes que protegiam os direitos às relações entre pessoas do mesmo sexo e à contracepção.
O projeto de lei, que foi aprovado na câmara controlada pelos democratas por 267 votos a 157 com o apoio de 47 republicanos, estabelece proteções federais para o casamento gay e proíbe qualquer pessoa de negar a validade de um casamento com base na raça ou sexo do casal.
Agora o projeto segue ao Senado para votação, onde enfrenta probabilidades pouco claras na câmara igualmente dividida. Os republicanos da Câmara foram instruídos a votar com consciência pela liderança do partido, que não se opôs ao projeto de lei.
O presidente do Comitê Judiciário da Câmara, Jerrold Nadler, patrocinou o projeto depois que o direito federal ao aborto foi derrubado quando a Suprema Corte derrubou sua decisão histórica de 1973 Roe v. Wade.
Em uma opinião concordante, o juiz Clarence Thomas disse que o tribunal também deveria reconsiderar suas decisões anteriores que garantiam o acesso à contracepção e o direito ao casamento gay em 2015, porque se baseavam nos mesmos argumentos legais de Roe.
Alguns republicanos do Congresso ecoaram os argumentos de Thomas. O senador republicano Ted Cruz disse no sábado que a Suprema Corte estava “claramente errada” ao estabelecer um direito federal ao casamento gay.
Os democratas argumentam que o Congresso deve consagrar o direito ao casamento gay na lei federal, caso o tribunal revise suas decisões anteriores.
“Com a histórica Lei de Respeito ao Casamento, garantimos que a igualdade no casamento continue sendo a lei da terra agora e nas próximas gerações”, disse a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, no plenário da Câmara na terça-feira durante o debate.
O deputado democrata Mondaire Jones, que é abertamente gay, disse que isso era “pessoal” para ele e encorajou os legisladores a expandir a Suprema Corte dos EUA “para proteger os direitos fundamentais de uma vez por todas”.
Mas republicanos como os deputados Jim Jordan e Mike Johnson disseram que o projeto era uma forma de os democratas ‘deslegitimarem e tentarem intimidar a Suprema Corte dos Estados Unidos’ e ‘aumentar o medo antes das eleições de novembro’.
De acordo com o projeto da Câmara, os estados ainda podem restringir o casamento gay se a Suprema Corte anular sua decisão anterior. Mas esses estados seriam obrigados a reconhecer casamentos que ocorreram em estados onde eles permanecem legais.
A Câmara votará na quinta-feira um projeto de lei para garantir o acesso nacional à contracepção, outro direito que Thomas sugeriu que o tribunal revisitasse.
Os democratas esperam que os projetos de lei apresentem um contraste com os republicanos antes das eleições de meio de mandato de 8 de novembro, nas quais a inflação crescente desafia a maioria dos democratas na Câmara e no Senado.
Fonte/ CNN BRASIL