A cachorra que era utilizada por um ladrão para intimidar e atacar vítimas na Zona Sul do Rio já recebeu, em apenas um dia, cerca de 150 contatos de interessados em adotá-la. A informação é da Subsecretaria Estadual de Proteção Animal, que, por ora, encaminhou a cadela Macarena, que tem entre 2 e 3 anos e é da raça pastor belga malinois (a mesma usada rotineiramente por forças policiais), para os cuidados de um tutor temporário. A expectativa é que ela encontre um novo lar definitivo nos próximos dias. O caso foi revelado pelo EXTRA nesta terça-feira.
Também nesta terça, a inspetora Clarissa Huguet, que participou das investigações que colocaram Allan Kardec Arêas Santos, de 42 anos, atrás das grades, reencontrou Macarena. Há pouco mais de um mês, a própria policial foi um dos alvos do assaltante, quando passeava na Praia do Leblon com seu cachorro, que chegou a ser levado por Allan Kardec.
Clarissa perseguiu o suspeito, que, ao ser alcançado, se recusou a devolver o cão. Em vez disso, ele deu um comando para que Macarena atacasse a mulher, que foi mordida na perna e precisou ser levada para o hospital, logo depois de conseguir recuperar o próprio cachorro. A inspetora ainda traz marcas no local do ferimento. O reencontro, porém, foi de modo totalmente diferente.
“Gente, eu estou com a Maca. Olha só que coisa mais linda essa cadela. Vê se ela é brava? Que coisa mais gostosa”, diz a policial em um vídeo divulgado para amigos, em que aparece ao lado de uma alegre Macarena à vontade e esbanjando carinho. “Eu nem lembro porque mordi a perna dessa moça, né?”, brinca a inspetora na gravação.
— Esse encontro tinha que acontecer. Eu fiquei muito emocionada. Eu amo pastor, tive pastor belga a minha vida inteira, aquele todo preto. A princípio deixei ela me cheirar, mas logo já estava abraçando e dando um monte de beijo — relata Clarissa, que continua: — A sensação é de dever cumprido e de felicidades pela cadelinha, que vai poder ser muito feliz agora.
Allan Kardec possui quinze passagens pela polícia pelos crimes de roubo, lesão corporal, pose de drogas, desacato, violência doméstica e maus-tratos a animais. Segundo a 14ª DP (Leblon), responsável pelo inquérito, ele pode pegar até cinco anos de prisão.
O suspeito já era um antigo procurado da polícia. Morador de rua, ele dormia pelas calçadas da Zona Sul, principalmente no bairro Jardim Botânico. Contra Allan, já havia um mandado de prisão preventiva, pelo crime de roubo. Segundo a polícia, ele usava o animal para ameaçar as vítimas. Caso elas tentassem reagir, ele dava um comando para Macarena atacá-las, como aconteceu com Clarissa.
“O autor tinha essa cadela e vivia andando pelas ruas de todos os bairros da Zona Sul. Usava o animal como instrumento para colocar medo nas pessoas e cometer crimes. Ele tem passagens na polícia desde 1997, e acabou sendo preso por cometer roubo impróprio, que é se utilizar do instrumento, ou seja, a cadela, para conseguir roubar os objetos”, explicou, por nota, a delegada Daniela Terra, titular da 14ª DP. Embora dócil, a cadela era treinada a obedecer aos comandos do criminoso para atacar as pessoas.