O governo pretende aumentar de R$ 400 para R$ 600 a parcela do Auxílio Brasil até o final deste ano. Mas, com a disparada dos preços dos alimentos, o valor seria suficiente para comprar uma cesta básica em apenas 3 das 17 capitais do país onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) realiza pesquisas mensais sobre o conjunto de produtos essenciais.
É o que aponta um levantamento feito pela GloboNews com base na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) de junho.
O aumento da parcela do Auxílio Brasil é uma das medidas previstas pela Proposta de Emenda à Constituição, apelidada de PEC Kamikaze, que concede uma série de benefícios sociais em às vésperas das eleições e somente para este ano, ao mesmo tempo em que coloca em risco as contas públicas nacionais.
De acordo com os dados do Dieese, com R$ 600, é possível comprar uma cesta básica apenas em Aracaju, Salvador e João Pessoa. Nas 14 demais capitais pesquisadas, o valor desse conjunto de itens essenciais varia de R$ 611,79, cobrados em Natal, até R$ 777,01, preço registrado em São Paulo e o mais alto do país, segundo a pesquisa
Confira, abaixo, os preços nas 17 cidades:
Preço da cesta básica nas capitais — Foto: Economia g1
O Dieese não pesquisa os preços da cesta básica em outras regiões do país. O levantamento, feito inicialmente em escala menor, começou a ser realizado em 1959.
De acordo com o estudo do Dieese, “em junho de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 121 horas e 26 minutos, maior do que o registrado em maio, de 120 horas e 52 minutos”.
Ainda segundo a pesquisa, quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que “o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em junho de 2022, 59,68% do rendimento para adquirir os produtos da cesta, pouco maior do que o de maio, quando o foi de 59,39%”.
Auxílio Emergencial
Em abril de 2020, quando o governo federal pagou a primeira parcela do então Auxílio Emergencial de R$ 600, esse valor era o suficiente para comprar a cesta básica em todas as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. Em 11 dessas cidades, “sobrariam” mais de R$ 100 — isto é, o custo da cesta era de menos de R$ 500.
De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) de abril de 2020, o preço da cesta básica variava de R$ 401,37, cobrados em Aracaju (SE), a R$ 556,25, valor registrado na capital paulista, o mais alto do país.