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MUITO ALÉM DE UM NOME: O parentesco entre Elizabeth I e a grande Elizabeth da Inglaterra

Famosos foram os reinados das nossas rainhas. Alguns dos maiores períodos da nossa história transcorreram embaixo de seus cetros. Agora nós temos uma segunda rainha Elizabeth, que também ascendeu ao trono aos 25 anos, e nossos pensamentos são transportados de volta há 400 anos para a magnífica figura que governou e, de muitas formas, corporificou e inspirou a grandeza e geniosidade da era elisabetana”. Com essas palavras, o então primeiro-ministro Winston Churchill saudava a sucessão da nova rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha, Elizabeth II, após a morte do rei George VI. Ao fazê-lo, Churchill procurava relacionar a imagem da nova soberana com a sua homônima, que governou o país em um tempo em que a vontade do monarca era absoluta, traidores eram punidos com uma morte violenta e as artes davam um importante passo rumo à modernização do país. Apesar de estarem separadas por quatro séculos e com poderes muito diferentes, as duas rainhas possuem uma ligação que vai muito além do mesmo nome real: ambas possuem ancestrais em comum.


Embora Elizabeth II não descenda diretamente de Elizabeth I, que morreu solteira e sem filhos, elas podem retroceder sua linhagem até o rei Henrique VII, fundador da dinastia Tudor, e sua esposa, Isabel de York. O casal teve quatro filhos: Arthur, Margaret, Henrique VIII e Mary, conforme podemos observar na árvore genealógica da casa real:


Árvore genealógica da dinastia Tudor. Imagem ilustrativa retirada da Internet.

Elizabeth I era neta de Henrique VII e Isabel de York através do rei Henrique VIII e sua segunda esposa, Ana Bolena. Como o casamento de seus pais havia sido anulado pela Igreja da Inglaterra no ano da morte de sua mãe, em 1536, Elizabeth passou sua juventude sob o estigma da bastardia, até ser readmitida pelo pai através do terceiro ato de sucessão, em julho de 1543. De acordo com o documento, Lady Elizabeth vinha atrás de seus irmãos Eduardo VI e Maria I, na linha sucessória. Como ambos morreram sem filhos, em 1553 e 1558, respectivamente, ela então herdou a coroa, reinando por aproximadamente 45 anos. A dinastia Tudor, porém, chegou ao fim em 1603, quando a rainha Elizabeth I também morreu sem herdeiros de seu corpo, passando assim o trono para os descendentes da princesa Margaret Tudor, que se casou com o rei James IV da Escócia em 1503. Sua neta, Mary Stuart, era a presuntiva herdeira da coroa inglesa, caso Elizabeth não produzisse um herdeiro. Como Mary foi executada em 1587 por ordens de sua prima, então o direito de sucessão passou ao filho daquela, James VI da Escócia e I da Inglaterra, conforme podemos observar no seguimento da árvore genealógica da família real britânica.


Quadro demonstrativo dos descendentes do Rei James I e Ana da Dinamarca. Imagem ilustrativa retirada da Internet.

De acordo com a imagem acima, a atual rainha Elizabeth II pode retroceder sua ascendência até o rei James I da Inglaterra e, através deste, até o rei Henrique VII, o que a torna uma prima distante de Elizabeth I, com 14 gerações de diferença. Curiosamente, segundo o Royal Central, até o momento da ascensão da filha do rei George VI ao trono, a primeira Elizabeth era simplesmente conhecida como “Elizabeth da Inglaterra”. Para prevenir confusões entre as duas soberanas, o referencial histórico foi adulterado e o numeral romano acrescentado ao nome de cada uma. Além disso, existem outras similaridades: ambas tinham aproximadamente 25 anos quando se tornaram rainhas e vinham em terceiro lugar na linha de sucessão. Compartilham também o amor por cavalos e, principalmente, pelas artes.


Material comemorativo dos 25 anos de reinado de Elizabeth II, trazendo seu rosto estampado ao lado de Elizabeth I.

Contudo, os pontos em comum acabam aí. Entre o reinado da primeira Elizabeth e o reinado da segunda, os poderes da monarquia britânica mudaram muito. No século XVI, a coroa tinha muito mais autoridade que nos dias de hoje. Atualmente, é o parlamento quem governa, enquanto a rainha exerce a função de Chefe de Estado. Elizabeth I governou apenas sob Inglaterra, Irlanda e País de Gales, enquanto Elizabeth II estende sua influência por diversos locais, como Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Jamaica. Não obstante, em seu tempo de vida, a filha de Henrique VIII e Ana Bolena podia se gabar de ter apenas sangue inglês correndo nas suas veias, o que reforçava sua ligação com o reino. Já a atual Elizabeth, possui grande dose de sangue alemão, devido aos vários casamentos dinásticos realizados em gerações passadas entre a coroa e os principados germânicos, como, por exemplo, o eleitorado de Hanôver. Quando o conselho 1917 sugeriu o nome Tudor para rebatizar a casa real, como forma de se aproximar do povo inglês, que estava em guerra contra a Alemanha, o mesmo foi recusado, devido aos muitos escândalos protagonizados por aquela dinastia. Optou-se então por Windsor, um dos castelos preferidos por Henrique VIII.


Elizabeth II inaugura estátua de Elizabeth I.

Apesar disso, Elizabeth II fez uso da imagem de sua homônima em muitas ocasiões, inaugurando estátuas da chamada “rainha virgem”, cumprimentando atrizes que interpretaram Elizabeth I para a televisão e o cinema, ou divulgando material impresso com o rosto das duas monarcas estampado em datas comemorativas do calendário da monarquia, como jubileus e casamentos. Embora rumores dessem conta de que Elizabeth II não queria ter sua figura associada a uma monarca que nunca se casou, sua conduta pública apresentou evidência contrária. Um dos gestos mais simbólicos dessa ligação, por exemplo, foi feito pela própria filha de George VI, que, ao se tornar soberana do Reino Unido, plantou um carvalho no mesmo lugar onde, quase 400 anos antes, outra grande árvore se erguia, debaixo da qual Elizabeth I recebeu a notícia de que seria rainha da Inglaterra.


Fonte/ Portal Rainhas Trágicas


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