Em uma cerimônia no Estaleiro Jiangnan, em Xangai, a China apresentou nesta sexta-feira (17) seu terceiro e mais avançado porta-aviões, com um novo sistema de lançamento que, segundo especialistas, está alcançando rapidamente a tecnologia dos Estados Unidos.
Batizado de “Fujian”, o navio é o primeiro porta-aviões com sistema de catapulta projetado e construído na China, informou a agência de notícias estatal Xinhua.
Seu sistema de lançamento assistido é uma grande atualização do sistema menos avançado usado no Liaoning e no Shandong, seus dois antecessores, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), um think tank com sede em Washington.
O novo método, semelhante aos usados pelos porta-aviões dos EUA, permitirá à China lançar uma maior variedade de aeronaves do Fujian mais rapidamente e com mais munição.
Além do sistema de lançamento, o Fujian está equipado com dispositivos de bloqueio e de deslocamento de carga total de mais de 80.000 toneladas, informou a Xinhua, acrescentando que o navio realizará testes de navegação após seu lançamento.
Matthew Funaiole, membro sênior do Projeto China do CSIS, disse à CNN anteriormente que o novo navio seria a “primeira incursão dos militares chineses em um porta-aviões moderno”.
“Este é um passo bastante significativo”, disse Funaiole. “Eles realmente se comprometeram a construir um programa de porta-aviões e continuam a superar os limites do que são capazes de fazer”, afirmou.
A China nomeia seus porta-aviões em homenagem às suas províncias costeiras, com Liaoning no nordeste e Shandong no leste. Fujian, no sudeste, é a província mais próxima de Taiwan, separada por um estreito com menos de 128 quilômetros de largura.
O Partido Comunista da China reivindica soberania sobre a ilha democrática, apesar de nunca a ter governado. O líder chinês Xi Jinping disse repetidamente que a “reunificação” entre China e Taiwan é inevitável e se recusa a descartar o uso da força.
Os chineses agora possuem a maior força naval do mundo, e os porta-aviões são os principais navios da frota de qualquer grande potência. Essas embarcações são essencialmente uma base aérea móvel, permitindo a implantação rápida e de longo prazo de aeronaves e armamentos para combate.
O crescimento naval da China ocorre em meio a crescentes tensões geopolíticas com os EUA, que sob o presidente Joe Biden estão buscando fortalecer os laços com aliados e parceiros na região da Ásia para combater a crescente influência econômica e o poder militar de Pequim.
No ano passado, a China se irritou com um pacto de segurança entre os EUA, o Reino Unido e a Austrália nomeado Aukus, um acordo pelo qual as três nações trocariam informações militares e tecnologia para formar uma parceria de defesa mais próxima na Ásia.
Rivalidade naval
O primeiro porta-aviões da China, o Liaoning, era um navio inacabado da era soviética que Pequim comprou da Ucrânia em 1998, atualizou e finalmente comissionou em 2012.
Os militares chineses usaram o conhecimento tecnológico que obtiveram com essa embarcação para construir internamente seu primeiro porta-aviões, o Shandong, que entrou em serviço em dezembro de 2019.
Mas, embora os dois porta-aviões iniciais da China tenham aumentado seu poder naval, sua capacidade ainda estava muito atrás dos EUA, que têm um total de 11 navios deste tipo em serviço. Além disso, tanto o Liaoning quanto o Shandong foram baseados em tecnologia soviética ultrapassada.
Aeronaves lançadas com o novo sistema do Fujian podem decolar mais rapidamente e com maiores quantidades de combustível e munição.
No entanto, Funaiole do CSIS disse que ainda há sinais de que a embarcação chinesa está atrás de suas contrapartes americanas, que têm mais catapultas, uma via aérea maior e mais elevadores para permitir uma implantação mais rápida de aeronaves.
Todos os porta-aviões dos EUA também são movidos a energia nuclear, enquanto acredita-se que o Fujian funcione com propulsão a vapor convencional, o que Funaiole disse que limitaria seu alcance. “(Embora) isso possa ser um fator menor para a China agora, já que muitos de seus interesses estão nos mares próximos”, disse ele.
Após seu lançamento, o Fujian precisará ser testado e totalmente equipado antes de ser comissionado e entrar oficialmente em serviço.
Inicialmente, o Departamento de Defesa dos EUA estimou que o porta-aviões estaria pronto para o serviço ativo até 2023, mas agora adiou essa data para 2024.
O porta-aviões Shandong também levou dois anos desde o lançamento em 2017 até quando finalmente entrou em serviço em 2019. Além disso, o Fujian pode ter dificuldades para operar a nova tecnologia.
Até mesmo os EUA tiveram dificuldade em utilizar o mesmo sistema em seu último porta-aviões, o USS Gerald R. Ford, levando a longos atrasos na implantação.
Fonte/ CNN BRASIL