O governo dos Estados Unidos está se preparando para exigir que os fabricantes de cigarros reduzam a nicotina a níveis não viciantes, informou a imprensa local na última terça-feira (21). A iniciativa pode ser anunciada já nesta terça, de acordo com o jornal The Washington Post, que cita uma fonte próxima ao tema.
A medida exigiria que a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) desenvolvesse e publicasse uma regulamentação, que poderia ser contestada pela indústria do tabaco, disse por sua vez The Wall Street Journal, o primeiro que noticiou o assunto.
A implementação da iniciativa levaria vários anos e poderia ser atrasada ou inviabilizada por litígios, ou revertida se um futuro governo decidir não seguir em frente por não simpatizar com seus objetivos.
A nicotina é a substância que leva milhões de pessoas a consumirem cigarros. Milhares de outros produtos químicos contidos no tabaco e sua fumaça são responsáveis por doenças como câncer, derrame, diabetes, doenças cardíacas e pulmonares, entre outras.
Embora o número de fumantes tenha diminuído ao longo dos anos, o tabaco é responsável por 480 mil mortes por ano nos Estados Unidos, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Cerca de 13,7% dos adultos americanos são atualmente fumantes, de acordo com dados dos CDC. A redução do nível de nicotina nos cigarros é tema de debate entre as autoridades dos Estados Unidos há anos.
Em 2017, o então comissário da FDA, Scott Gottlieb, anunciou que queria avançar na questão e financiou um estudo publicado em 2018 no New England Journal of Medicine, que descobriu que “cigarros com nicotina reduzida (…) diminuíram a exposição e dependência” e “o número de cigarros fumados”.
A indústria do tabaco rejeita essas descobertas, dizendo que, na realidade, as pessoas fumariam mais.
O presidente Joe Biden fez da luta contra o câncer uma peça central de sua agenda, e a política de redução da nicotina se encaixaria em seus objetivos a um custo mínimo.
O custo econômico do tabagismo chega a mais de US$ 300 bilhões por ano, segundo os CDC, incluindo mais de US$ 225 bilhões em assistência médica direta para adultos e mais de US$ 156 bilhões em perda de produtividade devido à morte prematura e à exposição ao fumo.
Fonte/ Portal EXAME