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Entenda como 9 crianças perderam a vida para o vírus de nome esquisito 

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O menino Enzo Miguel, que está entre as nove crianças de menos de 5 anos que morreram por síndrome gripal aguda em Rio Branco nos últimos cinco meses, começou com um cansaço e coriza. Foi levado pela mãe, Sara Holanda, até uma Unidade de Pronto Atendimento da capital acreana. Porém, a médica plantonista teria prescrito medicamento para vermes e não examinado seus pulmões.


Recomendada a voltar para casa com a criança, a mãe teve que se descolar para o Pronto Socorro de Rio Branco um dia depois, onde constatou-se que Enzo estaca com pneumonia grave, com o comprometimento dos pulmões tão severo que havia apenas 30% de oxigênio no cérebro. Ele foi intubado, mas teve uma parada cardiorrespiratória e faleceu.


O garoto Théo Dantas, de apenas 10 meses, também foi outra vítima, gerando comoção social por não ter conseguido uma das nove unidades de terapia intensiva do Hospital da Criança, na semana passada.


Afinal, o que está acontecendo com as crianças e o que fazer para que pais e profissionais de saúde evitem mais mortes? A resposta pode vir da conjunção de uma série de fatores, que vão desde o engajamento dos pais com procedimentos necessários de proteção até a ampliação da vacinação contra a influenza, que nesta sexta-feira, 10, para a faixa etária de 6 meses a 10 anos de idade. Em maio último, a campanha havia começado para crianças na faixa dos 6 meses a 5 anos de idade.


Ainda segundo a coordenadora, desde o início de maio, quando começou a campanha de vacinação, até os primeiros dias deste mês de junho, a cobertura vacinal contra a gripe ou influenza já deveria estar em pelo menos 90%.


“É preciso que os pais verifiquem a carteira de vacinação e se não a entenderem, que levem suas crianças com a caderneta até uma unidade de saúde para que sejam verificadas pendências vacinais. A vacina da influenza é anual. Ela precisa ser feita todo ano e engloba também pessoas idosas”, informa Socorro Martins.


Após as mortes mais recentes de crianças, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre disponibilizou mais 10 leitos pediátricos semi-intensivos no Hospital da Criança. Atualmente, são 48 leitos de enfermaria e 9 leitos de UTI pediátricos no Hospital da Crianças, mas todos estão lotados. Dos 10 novos leitos semi-intensivos abertos, apenas quatro estavam vagos até ontem, sábado, dia 11.


Cuidados se estendem contra o sarampo 

Além do vírus da influenza, o estado do Acre vive um surto de sarampo. Por isso, a necessidade de tomar a vacina que protege, além do sarampo, contra outras duas doenças: a caxumba e a rubéola. “Uma picada evita três doenças diferentes”, ressalta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Rio Branco.


Todas as unidades de saúde do Município oferecem as vacinas da influenza e do sarampo. “Lembrando que os outros grupos também continuam sendo prioritários para a vacina: idosos, professores, pessoas com comorbidades e profissionais de saúde”.


O apelo é feito aos pais para que levem as crianças para a vacinação, por ser este um momento crítico, principalmente, porque o vírus da influenza está circulando com mais intensidade e numa evolução muito rápida, o que leva uma debilidade acentuada e a consequente internação.


“Então, esse é o momento de realizar a vacina. A maioria dessas crianças que estão internadas não foi vacinada contra a influenza. Então, esse é o modo de cuidarmos da imunidade delas para que fiquem prevenidas contra esse vírus, já que a maior incidência é em crianças menores de 10 anos”, aponta a profissional de saúde do município de Rio Branco.


Entenda como atua o sincicial respiratório

Crianças como o Enzo Miguel e o Théo Dantas foram acometidos por uma bronquiolite causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que pertence ao gênero Pneumovirus. Ele é um dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, que pode afetar os brônquios e os pulmões.


Na maior parte dos casos, ele é responsável pelo aparecimento de bronquiolite aguda (inflamação dos bronquíolos, ramificações cada vez mais finas dos brônquios que penetram nos alvéolos pulmonares) e pneumonia, especialmente em bebês prematuros, no primeiro ano de vida. Até mesmo aqueles que receberam anticorpos das mães durante a gestação são vulneráveis à infecção pelo vírus sincicial respiratório.


Explica a médica infectologista Cirley Lobato que sincicial é o causador também de inflamações em outros órgãos, como o fígado, por exemplo. “Além das vias respiratórios já é confirmado que ele compromete outros órgãos como fígado, causando um quadro de hepatite. Então, ele [o vírus] está vindo com essa agressão maior, às vezes, nem sempre acometendo o sistema imunológico, mas sendo fatal porque ataca os demais órgãos”, explica a profissional médica.


Segundo a Associação Americana de Pediatria, fazem parte dos grupos de risco para desenvolver formas graves da doença, além dos prematuros, os portadores de distúrbios cardíacos congênitos, de doenças pulmonares crônicas e de imunodeficiência congênita ou adquirida. Tabagismo passivo, ambientes pouco ventilados e com muita gente, desmame precoce visto que pode afetar o fortalecimento do sistema imunológico da criança, são outras condições que favorecem a manifestação desses quadros infecciosos.


A infecção pelo VSR é altamente contagiosa. Há evidências de que até os três anos de idade, todas as crianças já entraram em contato com esse vírus sem desenvolver a forma grave da doença. Além disso, como não confere imunidade permanente, ao longo da vida a pessoa pode apresentar episódios recorrentes da enfermidade, mas com sintomas menos agressivos.


Apesar de não estarem associados à vigência de baixas temperaturas, os casos de infecção pelo VSR são mais frequentes no final do outono, durante o inverno e no início da primavera, o que, no hemisfério sul, corresponde aos meses compreendidos entre maio e setembro. Já, nas localidades de clima tropical ou subtropical, os surtos sazonais ocorrem mais no período chuvoso.


Qualquer pessoa pode ser infectada pelo vírus sincicial respiratório. As manifestações clínicas variam de acordo com a idade (nos dois extremos da vida são mais graves), a exposição anterior ao vírus e a existência de doenças subjacentes.


Fonte/ Jornal Opinião


 


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