A Polícia Federal (PF) divulgou neste sábado (18) um laudo confirmando que uma das arcadas dentárias periciadas é do indigenista Bruno Pereira, desaparecido no Vale do Javari desde o dia 5 de junho.
Na sexta-feira (17), os policiais confirmaram que uma outra arcada pertencia ao jornalista britânico Dom Phillips. Segundo a nota da PF, os dois foram baleados. Bruno levou dois tiros na cabeça e um no peito; Dom levou um tiro no peito.
“O exame médico-legal, realizado pelos peritos da PF, indica que a morte do Sr. Dom Phillips foi causada por traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo com munição típica de caça, com múltiplos balins, ocasionando lesões principalmente sediadas na região abdominal e torácica”, diz a PF.
“A morte do Sr. Bruno Pereira foi causada por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, com múltiplos balins, que ocasionaram lesões sediadas no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”, continua o comunicado.
Ainda neste sábado, um terceiro suspeito pelo assassinato foi preso no Amazonas. Jefferson Lima da Silva, vulgo “Pelado da Dinha”, se encontrava foragido, mas se entregou na Delegacia de Polícia de Atalaia do Norte.
Segundo a PF, pelo menos cinco suspeitos são investigados. Amarildo Oliveira da Costa, conhecido como Pelado, confessou ter participado do assassinato da dupla. Ele e seu irmão, Oseney da Costa de Oliveira, estão presos.
A CNN elaborou uma linha do tempo que mostra o passo a passo da investigação, desde a comunicação do desaparecimento. Veja:
- 31/05 – O indigenista Bruno Araújo Pereira envia mensagem à União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) relatando risco de morte. Bruno atuava denunciando pesca ilegal no Vale do Javari;
- 05/06 – Bruno e Dom Phillips desaparecem no Vale do Javari. Rapidamente a Univaja entra em contato com a polícia para comunicar o caso. De acordo com informações da Univaja, os dois chegaram no Lago do Jaburu no dia 3 de junho para visitar a equipe de Vigilância Indígena. No dia 5, Pereira e Phillips deixaram o lago e partiram para a comunidade São Rafael, onde o indigenista participaria de uma reunião. Pelo que consta nas informações trocadas via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram ao destino por volta de 6h. Após conversarem com uma pessoa local, ambos recomeçaram o trajeto de retorno à Atalaia do Norte e não foram mais vistos;
- 07/06 – A Polícia Federal dá início às buscas por Bruno e Dom. No mesmo dia, a Polícia Civil do Amazonas prende Amarildo, o “Pelado”, por posse de drogas e munição. Amarildo havia sido apontado por testemunhas como tendo sido visto perto de Bruno e Dom e ameaçado ambos. Para a polícia, Amarildo disse ser pescador;
- 09/06 – A Polícia Federal encontra lancha de Amarildo com vestígio de sangue;
- 11/06 – Uma testemunha aponta a participação de Oseney da Costa, o “Dos Santos”, no caso. Ele é descrito como um parente de Amarildo; que teria pedido uma carona à testemunha e estaria armado com uma espingarda. Oseney encontra Amarildo e eles saem juntos;
- 12/06 – Durante buscas, polícia encontra objetos de Bruno e Dom. Os pertences (mochila, crachá, botas) foram encontrados perto da casa de Amarildo e Oseney. A polícia desce o rio e vê uma área de mata defasado, como se alguém tivesse cruzado com uma lancha de maneira desgovernada, há dois minutos da casa de Oseney. Nesta imediação, a polícia encontra os objetos pessoais dos desaparecidos;
- 14/06 – “Dos Santos” é preso por relação com sumiço de Bruno e Dom;
- 15/06 – Amarildo confessa que enterrou Bruno e Dom, polícia busca os corpos. As informações da Polícia Federal foram apuradas pelo âncora da CNN Kenzô Machida.
- 16/06 – Restos mortais são encontrados no Amazonas próximos ao local indicado por Amarildo. Perícia será realizada pela PF em Brasília. A Polícia Federal também confirmou à CNN que mais três pessoas podem estar envolvidas no caso além de Amarildo e Oseney.
Fonte/ CNN BRASIL