Em meio ao aumento de casos de síndromes respiratórias, o Acre já registrou fila de espera por vaga em leitos, apenas a capital Rio Branco conta com leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátricas. Além disso, no estado, esse tipo de leito só está disponível na rede pública.
Conforme dados repassados pela Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre), Rio Branco dispõe de 20 leitos de UTI distribuídos em duas salas. Até essa segunda-feira (13), 14 estavam ocupados. Estas vagas são do Hospital da Criança, que estão sendo atendidas desde o último sábado (11), no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Acre (Into-AC).
O presidente do Sindicato dos Médicos (Sindmed),Guilherme Pulici, disse que inicialmente esse número parece suficiente. Mesmo assim, o sindicato envia uma equipe ao interior do estado para averiguar de perto as necessidades.
“Num primeiro momento, parece suficiente, mas não temos como prever se vai aumentar ou não esse surto por VSR [Vírus Sincicial Respiratório] e suas complicações por SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave]. Nossa diretoria se desloca hoje [terça-feira, 14] para o interior para verificar essa situação”, disse.
No domingo (12), o governo anunciou a criação de um comitê emergencial para acompanhar o surto de síndromes respiratórias que afetam as crianças. Apenas neste ano, foram registrados 10 óbitos de crianças de 2 meses a 4 anos. O decreto com a criação do comitê ainda não foi publicado até a última atualização desta reportagem.
Leitos pediátricos
Em relação a leitos pediátricos, são 66 no estado, mais oito salas de observação no Pronto-Socorro de Rio Branco. Destas 66 vagas, 50 estão em Rio Branco e outras 16 no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, sendo 8 salas de clínica médica e outras 8 na clínica cirúrgica.
Além disso, a Sesacre informou que no Alto Acre, no hospital de Brasiléia, há 12 leitos adultos que podem ser convertidos para pediátrico conforme necessidade. Até a segunda não havia notificação de criança internada.
Com as vagas em UTIs apenas na capital, Pulici disse ainda que a transferência de pacientes do interior para a capital há sempre um risco.
“Transferência de pacientes graves tem regras próprias. Há sempre risco em se transportar um paciente grave para a capital. Em cada caso tem que ser avaliado minuciosamente o risco e o benefício da transferência”, pontuou.
Ocupação
Dos 50 leitos pediátricos disponíveis em Rio Branco, 37 estavam ocupados até a segunda (13). Das 20 UTIs, 14 também estavam ocupadas. Já em Cruzeiro do Sul, das 16 salas disponíveis, 15 estavam ocupadas. No PS, das 8 salas de observação, todas estavam ocupadas.
Na semana passada, a Sesacre confirmou que houve espera por vaga em enfermaria. E mesmo que o número ofertado pareça suficiente, o Acre continua aparecendo na lista dos estados com tendência de alta a longo prazo de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), conforme boletim divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na última semana.
O estado do Acre vem enfrentando o aumento das internações de crianças com síndrome respiratórias graves e até mortes pela doença.
A Sesacre confirmou, na última quarta (8), a morte de nove crianças em menos de dois meses de síndrome respiratórias e uma fila de espera por leitos.
Pais das crianças que morreram com a doença acusam o estado de negligência e denunciam falta de estrutura e medicamentos nos hospitais que atendem crianças. Por isso, na última sexta (10), o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) fez uma fiscalização no PS da capital.
Fonte: G1ACRE