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Bolsonaro oferece asilo político à ex-presidente da Bolívia e enfurece governo daquele país

Foto: reprodução

O presidente Jair Bolsonaro acaba de bater de frente com o Governo da Bolívia, informam agências internacionais, ao relatarem tentativa de interferência do governante brasileiro em relação à política interna daquele país. A possível interferência de Bolsonaro teria ocorrido no último final de semana, quando o presidente brasileiro ofereceu asilo político à Jeanine Áñez, a ex-chefe de Estado boliviana condenada há dez anos de prisão. Ela é acusada de ter assumido a presidência do país, em novembro de 2019, de forma irregular, após um golpe contra o então presidente constitucional Evo Morlaes. Áñez era então presidente do Senado e teria apoiado o golpe.


Áñez está detida numa penitenciária feminina em La La Paz desde março de 2021. Através das redes sociais, http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistradas por seus parentes, a ex-presidente boliviana agradeceu a Bolsonaro No Twitter, ela ressaltou que “é inocente” e que “não saiu nem sairá do país“.


A ex-chefe de Estado também voltou a afirmar que “não conheceu Bolsonaro pessoalmente“, embora o presidente brasileiro garanta que se encontrou com ela. “Estive uma vez com ela apenas. Achei uma pessoa bastante simpática, uma mulher, acima de tudo“, declarou. Esse contraponto tem sido usado pelo governo boliviano para concluir que a renúncia do então presidente Evo Morales, em novembro de 2019, foi um “golpe de Estado” arquitetado com a cumplicidade de agentes externos. Dessa suposta conspiração internacional teriam participado, segundo os aliados de Evo Morales, o Brasil, o Equador, a União Europeia e os Estados Unidos.


Compartilhamos as preocupações da ONU quanto ao devido processo de Jeanine Áñez“, insistiu o secretário adjunto para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, Brian Nichols, em referência aos questionamentos das Nações Unidas sobre a independência da Justiça boliviana.


O governo boliviano classificou a proposta de Bolsonaro de “absolutamente impertinente” Legisladores governistas acrescentam que a ideia não cumpre com os requisitos internacionais e reforçam a acusação de que o presidente brasileiro teria sido cúmplice do “golpe de Estado” que levou Áñez ao poder.


O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogelio Mayta, classificou como “inapropriada ingerência em assuntos internos” a proposta de Bolsonaro. “Lamentamos as desafortunadas declarações do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que são absolutamente impertinentes, constituem uma inapropriada ingerência em assuntos internos, não respeitam as formas de relacionamento entre Estados e não coincidem com as relações de boa vizinhança e de respeito mútuo entre o Brasil e a Bolívia“, definiu o chanceler durante uma coletiva, especialmente convocada para abordar a questão.


No domingo (26), durante uma entrevista ao programa “4 x 4” transmitido pela Internet, Bolsonaro revelou o plano. Segundo ele, o Brasil estava botando em prática a questão de relações internacionais, de direitos humanos, para ver se traz a Jeanine Áñez e oferecer para ela o abrigo aqui no Brasil. “É uma injustiça com uma mulher presa na Bolívia”, disse Bolsonaro. “Faremos tudo o que for possível. Está presa injustamente”, concluiu o presidente brasileiro. “A senhora Áñez está sendo investigada e processada criminalmente no nosso país porque cometeu várias violações de direitos humanos e existem indícios suficientes de também ter cometido delitos de lesa humanidade“, recordou o chanceler boliviano em referência a outro processo, nesse caso o “Golpe de Estado I”, no qual Jeanine Áñez é acusada de sedição terrorista.


.O governo boliviano deverá apresentar uma queixa diplomática contra Bolsonaro, disse o ministro Rogelio Mayta. “Já trabalhamos nessa queixa. Vamos cumprir com as regras do relacionamento internacional e, nesse caso, o correto é fazermos uma reclamação diplomática“, apontou o ministro. Pelo lado dos legisladores governistas, o presidente da Câmara de Deputados, Freddy Mamani, interpretou que “a proposta de Bolsonaro confirma a sua cumplicidade no golpe de Estado de 2019″. “Estamos vendo, aos poucos, como todo o plano de um golpe de Estado fica visível. Sabíamos que esse golpe não era só interno, mas também externo“, acusou Mamani.


O senador Luis Adolfo Flores também classificou a proposta de Bolsonaro como uma “aberta ingerência nas decisões de órgão independentes da Bolívia“. Segundo ele, o presidente brasileiro fere as regras internacionais com seu seu plano de conceder asilo à ex-presidente Áñez, Bolsonaro esclareceu que depende “se o governo boliviano estiver de acordo” e que já conversou sobre o assunto, no começo do mês durante a Cúpula das Américas, com alguns líderes da América Latina, citando o presidente argentino, Alberto Fernández, um aliado do atual governo da Bolívia. Bolsonaro também afirmou que Lula é “hipócrita” por não condenar a sentença contra Jeanine Áñez, indicando que a preocupação com os direitos humanos tem viés ideológico. “O ex-presidente [Evo Morales] e o atual [Luis Arce] são amigos do Lula e ele não diz absolutamente nada sobre esse caso“, frisou Bolsonaro.


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