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Bebê indígena de 1 ano morre vítima de síndrome respiratória grave e sobe para 12 o nº de mortes de crianças com a doença no Acre

Foto: reprodução

Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, registrou nessa quarta-feira (29) a primeira morte de criança por síndrome respiratória grave. A vítima se trata de uma menina indígena de 1 ano identificado como Rauani Kaxinawá. Agora, o estado já contabiliza 12 mortes de crianças com doenças respiratórias. Na UTI do Hospital do Juruá, a criança foi entubada pelo médico pediatra, mas sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu.


Bianca conta que Heitor começou a apresentar tosse e chiado no peito por volta da segunda-feira (20), mas não tinha falta de ar ou qualquer dificuldade para respirar. Ela disse que foi a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Sobral, o menino foi atendido, medicado e apresentou melhora do quadro.


“Dois dias antes de ele falecer fui até a UPA e passaram xarope, dipirona e azitromicina. Mandaram eu vir para casa e dei os remédios para ele direitinho, no horário certo, e quando foi ontem [domingo, 26] acordei, fiquei assustada porque ele estava com muita falta de ar e todo molhado e tendo crise de convulsão. Então, corri pra UPA a pé porque estava tão desesperada que não liguei para ninguém”, relembrou.


Após o registro de mais uma morte com suspeita da doença, que seria a 11ª confirmada no Acre, o Ministério Público Estadual (MP-AC) informou que está apurando a caso, além das outras 10 mortes já confirmadas.


Além disso, uma equipe do Ministério da Saúde (MS) está no Acre para ajudar na apuração epidemiológica das síndromes respiratórias graves. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) informou que os técnicos do MS se reuniram com as divisões e núcleos de vigilância e, nesta segunda-feira (27) pela manhã, realizam uma conversa com a Secretaria de Saúde de Rio Branco.


Piora do quadro


Bianca contou ao g1 que, após o primeiro atendimento, o filho apresentou melhora após tomar a medicação. Porém, ele teve uma piora repentina. Foi quando retornou a UPA e relatou que, ao passar pela classificação, foi levada diretamente para a sala do médico que decidiu pela internação.


Levaram meu filho para a sala de medicação, pediram um raio-x e deu infecção no pulmão e fizeram a medicação para parar a convulsão. Ele estava com 39,6º e tentaram colocar o acesso nele com a medicação, mas ninguém conseguiu achar a veia. Retornei com o médico que mandou para a emergência e ele foi colocado no oxigênio. Depois de duas a três horas o Samu chegou e na hora que colocou ele dentro, teve a primeira parada cardíaca. Tentaram reanimar e conseguiram. Quando chegou no Pronto-Socorro, teve a segunda, mas dessa vez não conseguiram reanimar”, relatou.


Embora a mãe relate que os sintomas do filho eram desde o início de tosse, chiado no peito, no início, evoluindo para falta de ar e infecção no pulmão, além do quadro febril, na certidão de óbito consta que a causa da morte foi desconhecida. O que ela questiona.


“Disseram que meu filho morreu da causa desconhecida, não colocaram que ele teve parada cardíaca nem que estava com infecção no pulmão. Colocaram que meu filho estava desnutrido e desidratado. Foi negligência porque demoraram para buscar, porque não tinha vaga para internar ele”, questionou.


A Sesacre informou que o pequeno Heitor deu entrada na Unidade, por volta das 8h da manhã de domingo, com 39,6º de temperatura, sinais de perda de consciência e esforço respiratório associado à desidratação grave e hipoglicemia.


No local, ele foi medicado e, dada a gravidade do quadro de saúde, houve dificuldade para receber a medicação, além de não conseguirem intubá-lo por conta da traqueia fechada, foi quando acionaram uma unidade do Samu para ser transferido ao PS, por voltas das 11h. A demora para chegada da ambulância foi de cerca de 10 minutos. Além disso, a secretaria pontuou que esse tempo para transferência era na tentativa de medicar a criança.


Além disso, afirma que a causa da morte que consta na certidão se dá devido ao médico plantonista não ter sido o responsável por receber a demanda, apenas recebeu a criança já morta e por não ter acompanhado o caso desde o princípio, e não ter o histórico foi essa causa colocada no documento. Mas, que todo o relatório está documentado na UPA.


A causa da morte deve ser apurada nos exames cadavéricos, que devem apontar o que realmente ocasionou.


Em relação a vagas que a mãe alega que não teria para o menino, foi informado que o procedimento a ser seguido é: em casos leves, atendimento deve ser feito nas UBS”s, moderados UPA, casos graves PS que é onde se decide se o paciente precisa de atendimento especializado. E após exames, se necessário de atendimento especializado é que é enviado para o Hospital da Criança.


Investigação


O MP-AC informou, na manhã desta segunda, que serão apuradas as circunstâncias em que a criança morreu. E que já foi feito contato com a família para dar início às investigações.


Além da apuração, o Centro de Atendimento à Vítima (CAV) e Núcleo de Atendimento Psicossocial (Natera) estão à disposição para auxiliar no que for necessário, informou.


Para dar celeridade às investigações, bem como aos demais procedimentos instaurados na 1ª Promotoria de Justiça Defesa da Saúde, foi instalada, na última sexta-feira, 24, a 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Rio Branco, que aguarda concurso de remoção interna para entrar em funcionamento com a titularização de um segundo promotor de Justiça para atuar na área especializada da saúde”, diz o órgão.


Chegada de equipe do MS


Após o registro das mortes, o governo do Acre instaurou uma sindicância para apurar os casos. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil-Seccional Acre (OAB-AC) também criou um grupo de trabalho com a finalidade de levantar informações.


Agora, com a chegada da equipe do Ministério da Saúde, eles devem ficar o tempo necessário para fazer as averiguações que precisam. Serão feitas visitas à Secretaria Municipal de Saúde, às unidades de saúde onde são feitos atendimentos de síndromes respiratórias, afim de investigar e apontar uma resposta do que está acontecendo.


A gente solicitou na segunda-feira passada [dia 20], o apoio do Episus [Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicado Aos Serviços do SUS ], que é um programa de epidemiologia voltado para as ações do SUS, ele é avançado e tem como papel fazer as investigações das emergências públicas e com o aumento de Srag, principalmente pacientes pediátricos, a gente solicitou esse apoio para que eles pudessem nos auxiliar nesta investigação”, disse o Chefe do Departamento de Vigilância em Saúde, Gabriel Mesquita.


Fonte: G1


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