O procurador-geral da República, Augusto Aras, anunciou neste domingo, em Tabatinga (AM), que fará uma reestruturação no Ministério Público Federal na região da tríplice fronteira norte, onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados no início de junho.
“A reestruturação do MPF na Região Amazônica passa pela ampliação do número de ofícios e, como consequência, de procuradores destinados ao trabalho tanto preventivo quanto repressivo. O PGR explicou que o MPF está implementando a reestruturação, com alterações na distribuição geográfica da força de trabalho”, diz o texto publicado pela PGR.
Segundo Aras, está em curso desde maio a criação de 30 novos ofícios do MPF voltados para a Amazônia, “seja na área da proteção ambiental, seja na defesa das populações originárias ou na frente criminal, quando ela se faz necessária, como agora”, acrescentou ele. Dez dos novos ofícios terão “atribuição exclusiva e funcionarão diretamente” nos Estados da Amazônia Legal.
Na viagem à cidade que faz divisa com a Colômbia e o Peru, Aras teve encontros com lideranças indígenas e representantes das Forças Armadas. Conforme a nota do MPF, o PGR ouviu nos encontros sobre a necessidade de o Estado “cumprir seu papel de fiscalização e combate ao crime naquela área”, uma vez que a vigilância dos territórios estaria sendo feita pelos próprios indígenas.
Na ocasião, Aras se comprometeu a conversar com o Ministério da Defesa para discutir a possibilidade de reforçar a presença das Forças Armadas na região por meio de uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
A última missão: O que Bruno Pereira disse às autoridades antes de morrer
O Ministério Público Federal foi um dos órgãos para o qual o indigenista remeteu denúncias sobre a presença de invasores na terra indígena do Vale do Javari, além da Polícia Federal.
Segundo as investigações da Polícia Federal, o indigenista foi assassinado junto com o jornalista inglês por um grupo de pescadores ilegais, que atuavam na região. Após ser dispensado do cargo de Coordenador-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, em 2019, Pereira vinha treinando os indígenas em técnicas para vigiar o seu próprio território da intromissão de garimpeiros, pescadores e caçadores ilegais. As ações teriam incomodado o grupo de exploradores, que passou a fazer ameaças ao indigenista e a integrantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), da qual ele fazia parte.
O procurador-geral da República declarou que volta para Brasília, “com disposição de mover as instâncias do Estado para a defesa da Amazônia e seus cidadãos, sejam eles indígenas isolados ou não”.
Fonte: O Globo