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Presidente do Imac diz que órgão deixou de ser repressor para ser parceiro da sociedade no atual Governo

Foto: reprodução

Dirigente de um órgão que, em governos passados, era sinônimo de repressão e multas que chegavam a casa dos milhões, o presidente do Imac (Instituto de Meio Ambiente do Acre), advogado André Hassem, diz que alguma coisa mudou na instituição. Segundo ele, no atual Governo o Imac deixou de ser um órgão repressor para ser aliado da sociedade, no campo e na cidade.


Hoje os produtores rurais, que antes tinham medo só de ouvir a palavra Imac, nos procuram porque têm interesse em também preservar suas propriedades”, avalia o presidente.


André Hassem fala também, na entrevista a seguir, sobre projetos do órgão na área de atração de interessados na promoção do turismo de caráter ambiental, da criação e hotéis de selva em regiões como a do Croa, no Juruá, de plantação de soja em áreas abertas ao longo da BR-317, além de educação ambiental nas escolas e da necessidade de um projeto de reflorestamento das cidades acreanas.


De acordo com o presidente, foi o horror que tinham ao Imac que levou produtores rurais a se afastarem do projeto político da extinta Frente Popular e que contribuíram para a Ascenção ao poder do atual Governo. Por isso, o atual governador, Gladson Cameli, quer aproveitar a confiança da população no Governo e fazer do Imac um órgão parceiro, apontou o dirigente.


Presidente do Imac André Hassem/ Foto: reprodução

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:


Ecos da Notícia – Presidente, qual o significado de ser presidente do Imac, o órgão regulador da política ambiental do Estado, num momento em que há informações de que as irregularidades de desmatamento continuam em todo o Acre? Como é que está, enfim, as ações desta política de regulação do meio ambiente?


André Hassem – Para mim, é um orgulho muito grande fazer parte e integrar o Imac, que é, como eu digo, um dos órgãos mais importante da http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração estadual, um dos órgãos mais antigos da estrutura estadual. Somos um órgão licenciador, mas somos também fiscalizador dos crimes ambientais, mas temos também outras competências em âmbito estadual.


Ecos da Notícia – Qual a principal delas?


André Hassem – A competência nossa é em relação às propriedades privadas rurais, dentro do Estado, e as florestas públicas estaduais. O Imac tem poder de polícia nessas áreas?


André Hassem – Temos poder de polícia através de parceria com o departamento de Polícia Federal, com o Batalhão Ambiental da Polícia Militar, que é o nosso parceiro, e também recorremos, quando necessário, ao Exército brasileiro e outras entidades que detém o poder de polícia e que acompanham a parte técnica do Imac. Mas temos competências diferenciadas dentro do Estado. Por exemplo: o ICMBio e Ibama são órgãos que estão em áreas de florestas federais, que são parceiros de campo, que trabalham junto conosco, usando seu poder de polícia acompanhando a parte técnica do Imac. O Ibama e o CMBIo são responsáveis, por exemplo, pelas reservas extrativistas, como a Chico Mendes, que engloba Xapuri, Epitaciolândia, uma parte de Sena Madureira. É uma área de competência do Governo Federal.


Ecos da Notícia – Mas é uma área em que, hoje, se registra o maior índice de desmatamento no Estado, não é?


André Hassem – Infelizmente, isso é verdade. A maioria dos crimes ambientais que ocorre hoje no Estado é dentro da Reserva Chico Mendes. Ali o Imac não tem competência para agir por se tratar de uma área federal. Mas nosso trabalho não s restringe à ação policial ou de fiscalização. Além de informar, de ressocializar e de buscar as parcerias, nós temos buscado fazer um trabalho, desde que assumimos aqui no Imac, parceria com os municípios e com as entidades, como sindicatos rurais, com um trabalho de educação ambiental.


Ecos da Notícia – O Imac foi, segundo apontam alguns analistas da política local, responsável pela derrocada dos [últimos 20 anos de poder da chamada Frente Popular por se tratar de um órgão punitivo na época e que causava medo às pessoas. O que mudou nisso no atual Governo?


André Hassem – Quando assumimos, para dizer a verdade, nós constamos que as pessoas tinham até medo de virem à porta do Imac. O agricultor, pequeno, médio ou grande, tinha pavor só de ouvir o nome Imac. O que mudou é que agora nós trabalhamos de forma igualitária. O pequeno produtor é tratado de forma igual ao grande. Para nós não há diferenças. E nós passamos a chamar as pessoas para perto da gente, a conversar com o produtor rural, dialogar com o agricultor, procurando mostrar para eles o direito que eles têm e exercer seu poder dentro de sua propriedade. Por exemplo: muitos não sabiam que eles têm direito a pega ruma árvore que está doente, ocada, que já não dar frutos, tirar uma fotografia, requerer sua derrubada e fazer isso aqui no Imac e usar essa árvore velha, sem serventia, ou em caso de uma árvore jovem mas que causa algum tipo de risco, e utilizar a madeira para fazer curral, melhorar a propriedade, para fazer melhorias em sua casa.


Ecos da Notícia – Ele pode vender esta madeira?


André Hassem – Não, vender não. É um bem que o produtor tem que usar dentro de sua propriedade. . Hoje, os produtores buscam o Imac porque têm a confiança no órgão e o Estado, trabalhando de forma parceria, dar a resposta necessária. Quem queria fazer uma limpeza de pasto, com medo de vir ao Imac, preferia trabalhar na clandestinidade, queimar e fazer outras atividades correndo uma série de riscos. Hoje é diferente. O produtor vem buscar resposta no Instituto porque reconhece que somos o órgão que pode ajuda-los na proteção de suas propriedades. As pessoas começam a compreender a importância da floresta em pé e que devem trabalhar as áreas degradadas.


Ecos da Notícia – Como é que ficou a questão das multas, que tanto medo causavam? O atual Governo parou de multar?


André Hassem – Hoje as coisas estão diferentes em relação a isso e vou te citar um exemplo: no ano passado, no período de maior índice das queimadas, os problemas de queimas foram maiores nas áreas urbanas do que na zona rural. Os agricultores no ano passado, vinham ao Imac pedir socorro em relação ás pessoas que estão chegando às propriedades, que cometem grandes queimadas e que o Acre, por ser diferente, não aceita isso de maneira alguma, para que a gente protegesse e não deixar as áreas delas pegarem fogo. Eram produtores querendo proteger suas propriedades, suas pastagens. Temos registradas, tanto no Batalhão Ambiental, como aqui, várias denúncias de produtores pedindo proteção ás suas propriedades em relação ao fogo. Hoje, as multas são mínimas porque é o inverso: o produtor tem confiança no órgão e quer trabalhar em parceria conosco porque precisa de financiamento na rede bancária. Hoje, quando há um crime ambiental, os bancos, em tempo real, puxam um georreferenciamento da propriedade e, se houver irregularidades, áreas desmatadas sem regularidade, o financiamento automaticamente não sai. Nenhum agricultor, grande ou pequeno, quer trabalhar à margem da lei e o Imac está aqui para auxiliar nesta parceria. É o que temos feito desde que o governador Gladson Cameli nos colocou aqui com esta orientação.


Ecos da Notícia – O senhor acha que é possível produzir com o que já está desmatado? Não é mais preciso derrubar florestas no Acre?


André Hassem – Não. Temos áreas consolidadas para trabalhar. Vou dar um exemplo: nós temos 3 milhões e meia de hectares no Acre prontas e aptas para trabalhar como áreas anteriormente degradas e que estão prontas para trabalhar no plantio da soja, do milho, os carros chefes do agronegócio.


Ecos da Notícia – Como é que ser responsável pela política de preservação ambiental de um Estado que tem no agronegócio um de seus eixos de desenvolvimento? É possível estabelecer o desenvolvimento com a preservação ambiental?


André Hassem – É completamente possível e necessário. Os produtores, pequenos ou grandes, têm consciência de que eles precisam também proteger sua própria reserva dentro de sua propriedade. Eles têm que ter, além dos 20 por cento, as áreas abertas e consolidadas. Por isso, nós temos, de Senador Guiomard até Assis Brasil, nas duas faixas da BR-317, áreas abertas, consolidadas e prontas para o plantio e por isso o agronegócio vem crescendo muito nesta região do Acre.


Ecos da Notícia – O senhor acha então que a soja já é um produto consolidado no Acre? Logo a soja, que os ambientalistas dizem que o plantio é devastador para as florestas?


André Hassem – A soja já está sendo trabalhada no Acre, nessas áreas consolidadas. Nós temos 3,5 milhões de hectares que podem trabalhar tranquilamente sem mais precisar desmatar, até porque não pode mais desmatar e o entendimento neste sentido não é só mais nosso. É também do produtor. Eles sabem que não podem mais desmatar porque têm consciência de que, se chegarem a uma instituição bancária e não preencherem os requisitos, eles não pegam os financiamentos necessários para investimentos. Portanto, temos que trabalhar de forma que o agronegócio seja sustentável. Na região do Juruá, Tarauacá e Envira, as pessoas dali ainda vivem da floresta, dos óleos, numa vida coletora, mas hoje já há também um crescimento na área do turismo ambiental. Os turistas, brasileiros ou pessoas vindas de fora do país, não passam, em sua maioria, para região do Alto Acre. Eles vêm em busca do Rio Croa, daquelas áreas indígenas grandiosas, o Parque do Divisor. Por isso, já temos investimentos em pousadas e em outras áreas a fim de atrair mais e mais pessoas para o turismo ambiental, uma fonte de riqueza e de uma indústria limpa, que não gera passíveis ambientais. Ali, portanto, é uma região em que é preciso consolidar o aproveitamento da floresta. Nós acreditamos que tudo é uma questão de reunir o útil ao agradável. O Governo Gladson Cameli trabalha no agronegócio e também na forma sustentável, em que as pessoas sobrevivam da floresta, onde não seja mais preciso desmatar. O que nós precisamos, para garantir o agronegócio sustentável é investirmos no que temos em área abertas, e temos isso em quantidade suficiente.


Ecos da Notícia – Nas regiões onde ainda há muita mata fechada, aquelas que o senhor citou, é possível viver como sociedades coletoras, do extrativismo e do turismo ambiental?


André Hassem – Eu não tenho dúvidas. Na semana passada, eu recebi visita de um grupo financeiro muito grande em busca de informações sobre o sequestro de carbono nesta região da Amazônia. Também recebi a visita de pessoas que fazem prospecção de negócios de um grupo que tem pelo menos hotéis de safari no Brasil e que querem criar um no Acre e escolheram a região de Cruzeiro do Sul para mais um empreendimento, um Hotel Safari. Poderemos ter mensalmente milhares de turistas do mundo todo visitando o Juruá.


Ecos da Notícia – O movimento do turismo naquela região renderia dividendos econômicos?


André Hassem – É o que movimenta a economia em todo o mundo. Se o Acre é uma rota de turismo, que está acontecendo e crescendo também na região do Alto Acre, que virou uma área de turismo universitário – Brasileia e Epitaciolândia viraram municípios universitários, com o número de brasileiros que ali vivem para estudar na Bolívia. São mais de três mil estudantes brasileiros vivendo na região e isso fez com que a região irasse também uma área turística, principalmente aos finais de semana. Na região de Tarauacá, Envira e Juruá seria outro tipo de turismo, o ambiental. Hoje, o maior investimento do mundo, no período pós-pandemia, é o turismo. Então, vindo esses investimentos para o Acre para trabalharmos no turismo, com este hotel de selva para Cruzeiro do Sul, vamos, sim, passar a receber milhares de turistas de todo o mundo para conhecer as nossas belezas. O Acre é um Estado rico neste sentido e nós estamos prontos para unir o agronegócio, como investimento e é a pauta do governo, mas o governador Gladson Cameli entende que nós temos também que obedecer e não aceitar os crimes ambientais dos quais a floresta era vítima no passado, porque nós também dependemos dela em pé para sobrevivermos.


Ecos da Notícia – O meio ambiente está muito relacionado ao futuro. O que o Imac faz em relação ao futuro, para que as gerações atuais possam ter uma relação saudável com o meio ambiente no futuro?


André Hassem – Nós temos investido desde o início – e agora mesmo estou recebendo relatórios de visitas das nossas equipes aos municípios do interior, de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia e agora está em Capixaba. Nos temos trabalhado em parcerias com as prefeituras, através da secretarias municipais de meio ambiente, em parceria com os sindicatos rurais, levando de forma educacional, juntamente com as secretarias municipais de educação, cursos sobre preservação ambiental, de forma presencial, nas escolas, nas comunidades. Durante a pandemia nós estivemos impedidos de fazer isso e agora estamos retomando este trabalho, sempre falando de meio ambiente. Nos estamos preocupados com o futuro em relação ao rio Acre, que, no verão vai lá em baixo e vira quase um córrego. Qual a causa disso? O desmatamento em suas margens, os crimes ambientais que queremos corrigir. E, para isso, não é somente a repressão que resolve. Passa também pela educação e estamos mostrando isso na prática. Buscamos ensinar o uso do lixo de forma adequada, passar às crianças, para os sindicatos e agricultores, além de suas entidades, as informações de que o Imac é um órgão parceiro e que eles procurem o órgão, que é também um órgão de proteção. Nós somos o órgão que licenciamos todas as obras do Estado, tanto as publicas como as privadas e queremos ter a chance de trabalhar em parceria com a comunidade também em relação ao futuro. Foi pensando no futuro, que o governador Gladson Cameli autorizou, depois de quase 40 anos de criação do Imac, a construção da sede própria d a instituição, uma obra que vai ficar na história pelo tamanho, pela espaço, sua localização e área construída, que nos permitirá conforto aos nossos colaboradores e à nossa clientela.


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