Há mais de um mês, a agricultora Dilciane de Souza Silva, de 37 anos, tem contado com a sensibilidade e solidariedade de outras mulheres para garantir o leite materno para os filhos gêmeos Cristiano e Ronaldo, que nasceram prematuros no dia 3 de abril deste ano. Desde então, os bebês permanecem internados na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco.
Dilciane conta que é casada há 21 anos e, desde então, tentava ter filhos, mas, após dois anos de união descobriu que tinha dificuldade para ovular, chamada de anovulação, e depois decidiu fazer um tratamento. Foram seis meses até que conseguiu engravidar.
“Tive eles dois com 30 semanas de gestão, que é no início do sétimo mês. Como são gêmeos, não tenho leite suficiente para os dois e tenho precisado de doação do banco de leite da maternidade. É muito importante a doação dessas outras mães, que ajudam os nossos bebês, se não fosse elas, a nossa situação estaria mais difícil ainda, porque a gente depende muito. Serei pra sempre grata, a gente nunca esquece de uma ajuda dessa”, disse a agricultora.
Moradora da zona rural de Plácido de Castro, no interior do Acre, Dilciane conta que desde que os meninos nasceram ela está “morando” na maternidade da capital acreana. Os bebês chegaram a ficar 26 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade e agora estão na ala chamada canguru.
E foi com as doações de outras mães que os bebês da agricultora, que nasceram pesando pouco mais de 1 kg e com 40 centímetros, já ganharam atualmente estão com mais de 2kg.
Doadora
E foi a satisfação em saber que está contribuindo para salvar a vida de outros bebês que estimulou a pedagoga Camila Virginia Alemão da Silva, de 25 anos, a doar o leite que produz em excesso. No último Dia das Mães, o g1 contou a história dela que também ganhou o primeiro filho recentemente após uma luta contra a infertilidade.
Ela contou que, após oito dias do nascimento do pequeno Isaac Vitor, recebeu um pedido de ajuda de uma colega da igreja que tinha ganhado um bebê prematuro e precisava da doação de leite. E, sem nem pensar duas vezes, decidiu ajudar doando.
Em março deste ano, ela foi a mulher que mais doou ao Banco de Leite da Maternidade Bárbara Heliodora, que é referência do estado. Somente naquele mês, a pedagoga doou 5 litros de leite materno que foram distribuídos a crianças que precisam. Segundo o Ministério da Saúde, 1 litro de leite humano atende até 10 bebês.
“Eu sempre achei muito lindo esse ato de amor dela, porque pra mim é sim um ato de amor, você está doando não apenas leite, está doando vida. Para mim são gotinhas de vida. Sinto gratidão ao saber que estou ajudando outros bebê, gratidão a Deus por ter me concedido a honra e alegria de ter um filho, que foi muito sonhado, muito esperado, muito desejado. Foram cinco anos lutando contra a infertilidade para que ele pudesse estar aqui hoje. Então, ofereço vida para outros bebês através do leite materno”, disse.
Como se tornar uma doadora de leite
O Banco de Leite da Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, é a referência do estado. Segundo a coordenadora do local, nutricionista Deltirene Cardoso, além de atender os bebês internados na unidade da capital, o leite pasteurizado também é transferido para o Hospital Santa Juliana quando solicitado.
No dia 29 de abril, uma unidade de banco de leite foi inaugurada em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. A coordenadora ressalta que 1 litro de leite humano atende até 10 bebês, segundo o Ministério da Saúde.
Nessa quinta-feira (19) foi comemorado o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, data criada para estimular e mobilizar a população para a doação de leite materno. E, segundo Deltirene, a campanha, que tem como tema: “Doação de Leite Humano: gotas de amor para um mundo melhor” ocorre durante todo o mês de maio.
“A doadora pode vir no Banco de Leite da Maternidade Bárbara Heliodora ou ela nos liga, fazemos um pré-cadastro e vamos até ela. Depois de doado, o leite humano passa por uma seleção, se aprovado, será pasteurizado. Depois de pasteurizado, coletamos uma amostra para análise microbiológica. Se estiver satisfatório, será liberado para uso de bebês prematuros prioritariamente internados”, afirmou.