Em depoimento, Ícaro Pinto nega o “racha” mas admite que acelerou porque estava com pressa por causa de briga com a namorada

A segunda parte do segundo dia de sessão do Tribunal do Júri Popular da Comarca de Rio Branco para julgar os réus Ícaro José Pinto e Alan Lima pela morte da comerciária Jonhliane Paiva, morto aos 30 anos de idade em 20 de agosto de 2020 num atropelamento de trânsito, foi retomada na tarde desta quarta-feira, 18, após pausa para o almoço. Agora à tarde deve ser iniciada aquela que é considerada a parte mais dramática de qualquer júri popular: os debates entre a defesa e a acusação.


A acusação, sustentada pelo promotor de Justiça Efrain Mendonça Filho, aponta os dois réus como os motoristas que, dirigindo sob embriaguez ao volante e em alta velocidade, numa disputa conhecida como “racha”, causaram a morte da comerciária, na Avenida Antônio da Rocha Viana, na Vila Ivonete, em Rio Branco, no momento em que ela saia de moto para trabalhar e os dois rapazes apontados como playboys da cidade, saíam de uma bebedeira na qual amanheceram o dia.


A defesa trabalha no sentido de desacreditar o representante do Ministério Público em relação às acusações de “racha”, embora em depoimentos no dia de ontem peritos que atuaram no caso terem informado que os veículos trafegavam em velocidade acima de 150 quilômetros por hora. Ícaro dirigia uma BMW e Alan, um fusca de luxo. O transporte de Jonhliane Paiva era uma motocicleta do tipo Bis, que foi atingida pela possante BMW e ficou esbagaçada.


O depoimentos dos dois acusados, na manhã desta quarta-feira, seguiu a orientação dos advogados, no sentido de negar o “racha”, o que afastaria a tese do Ministério Público de homicídio com dolo, quando o acusado assume o risco de morrer ou matar alguém, para o homicídio simples ou de dolo eventual, sem a intenção de matar.


Nos depoimentos, os dois acusados disseram que sequer se conheciam, embora haja informações de que, na noite anterior, véspera da tragédia, eles tenham passado boa parte do tempo bebendo juntos, numa distribuidora do Bairro Raimundo Melo.


O depoimento de Ícaro Pinto foi o mais contraditório. Ele disse que estava em alta velocidade porque havia discutido, desde o bar em que se encontravam, com a namorada Hatsue Said Tanaka e que as discussões voltaram a se repetir dentro do carro, quando ele então acelerou para chegar ao destino mais rápido. Foi quando, ao desviar o carro de Alan, bateu na moto dirigida pela vítima. Disse também que, após a batida, dirigiu por cerca de dois quilômetros à frente e abandonou o carro numa rua paralela, com medo das consequências da batida e que viajou para Fortaleza (CE), após a ocorrência, para acompanhar o tratamento de saúde da mãe – professora Alcilene Gurgel, na capital cearense. Insistiu na tese de que não conhecia Alan Lima, que só veio a ter conhecimento com ele quando ambos foram presos. Alan Lima também manteve a tese.


Hatsue Said Tanaka disse que não houve briga entre ela e Ícaro pela prosaica razão de que eles nem eram namorados. “A gente estava apenas se conhecendo”, disse ela, ao depor.


O juiz presidente do Júri, Alesson Braz, já trabalha com a possibilidade de a sentença não vir a ser conhecida hoje por causa dos embates entre defesa e acusação, as quais têm direito a réplica e tréplica.


Se os dois lados forem usar desses prerrogativas do Direito Penal, os debates tendem a entra pela noite e a sentença, portanto, só sairia na quinta-feira, 19.


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