Quase como um balé de carros, o drift tem se popularizado no Brasil como um estilo de competição automobilística capaz de levantar o cheiro de pneu queimado nas pistas. Na década de 1970, o japonês Kunimitsu Takahashi criou a técnica que conta a alta velocidade e a derrapagem como aliados.
A ideia, na verdade, consiste em levar o veículo além dos limites. É necessário equilibrar o ângulo da curva com os movimentos certos e, por isso, a habilidade do piloto é fundamental.
Para realizar uma manobra, a traseira do carro deve ser deslocada para um lado enquanto as rodas dianteiras são direcionadas para o sentido contrário da curva. Apesar de, inicialmente, ter sido considerado como uma brincadeira dentro do automobilismo, o drift se tornou um esporte mundial e, atualmente, possui campeonatos em diferentes países.
No Brasil, o Ultimate Drift tem se destacado como uma competição de referência para a modalidade. Idealizado pelo piloto João Barion, em 2020, o campeonato nasceu com o objetivo de profissionalizar a categoria e disseminar o esporte em território brasileiro. Fábio Manfio, organizador da competição, celebra o crescimento e reconhecimento da técnica.
“O grande diferencial para outras modalidades é que os carros e a preparação são os mesmos que os nossos fãs podem utilizar nas ruas. Você poderá ver de Chevette a Mustang competindo lado a lado. O drift vem em constante crescente, conquistando cada vez mais fãs apaixonados, gerando um lifestyle único, além de ser a categoria mais acessível do automobilismo”, informa.
O projeto busca levar o esporte à motor para uma nova era, onde a emoção e o espetáculo estão juntos nas pistas. Para isso, foi necessário estruturar o campeonato de forma criteriosa. De acordo com Manfio, a competição passa por diversos passos, sendo o Regulamento Técnico deferido pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) um dos principais.
“Os bastidores da competição são intensos e com muita correria, principalmente por conta das equipes dos pilotos, que sempre estão se desdobrando para reparos nos carros que podem ter sofrido batidas ou quebras”, explica o organizador.
Neste ano, o Ultimate Drift abriu a temporada com uma disputa em Piracicaba (SP), no mês de abril. Agora, a competição chega em território brasiliense e promete promover um evento de qualidade, com modelos variados de carros e destinado a todas as famílias.
Nos dias 28 e 29 de maio, sábado e domingo, respectivamente, a cidade estará energizada com a velocidade e dinamicidade das manobras dos veículos. Em uma pista montada no estacionamento da Arena BRB Mané Garrincha, as provas reunirão mais de 55 pilotos em duas categorias, Principal e Light.
Além da possibilidade de estar perto dos melhores pilotos de drift do Brasil, o organizador ainda indica que o público poderá vivenciar uma experiência inédita. Isso porque será possível andar de carona com um piloto profissional fazendo drift na pista oficial do campeonato. Contudo, essa opção é vendida separadamente da entrada e possui limitação de vouchers.
Quanto à chegada na capital federal, Manfio comenta que a expectativa de estar na cidade é gigante. “Trazer o campeonato para Brasília foi algo planejado e sonhado desde o início da Ultimate Drift. Esperamos que o público brasiliense se apaixone também por essa categoria, que está conquistando o Brasil”, diz.
Competindo em casa
O campeonato conta com muitos representantes do Centro-Oeste e, principalmente, de Brasília. Com a vinda para o DF, os pilotos poderão desfrutar das pistas da cidade em que cresceram para competir com os demais concorrentes. É o caso de Gustavo Koch, 42, que foi o campeão da primeira edição do Ultimate Drift, em 2020.
Advogado e empresário, Koch conheceu o drift por meio do filme Velozes e Furiosos. Depois, através de um amigo que retornou ao Brasil após uma viagem ao Japão, o brasiliense pode conhecer os carros profissionais. Em 2016, após um evento voltado ao esporte, o piloto e campeão brasileiro na modalidade decidiu montar o próprio veículo.
“O meu atual carro ficou pronto em 2017. Treinei muito aqui em Brasília mesmo, quando ainda podíamos usar um pedaço do autódromo. No fim do ano até participei da última etapa do [campeonato] Brasileiro, porém tive um acidente e não avancei nas batalhas. Foi a minha primeira participação em um evento nacional”, relembra.
No ano seguinte, Koch se preparou e participou de novas competições. Com muito treino, conquistou o quarto lugar no campeonato brasiliense 2018. Em 2019, alcançou o título de vice-campeão brasileiro e, para se profissionalizar ainda mais, realizou o curso da Fórmula Drift, conhecido como Chelsea Denofa
“Foi um divisor de águas, me ajudou muito a melhorar as técnicas e ser mais competitivo ainda. Já em 2020, consegui o lugar mais alto do pódio: fui campeão. O carro que eu dirijo é uma BMW 328i turbo com vários itens especiais para o drift, apelidada de ‘Incansável’. Além desse carro, tenho outros projetos em andamento”, conta.
André Silva, 42, que também participará da competição, celebra a oportunidade de mostrar o esporte no Brasil. Integrante do SPL Drift Team como terceiro piloto da equipe, junto com o Roger Fujik e o Danilo Freitas, o brasiliense também é chefe e piloto da equipe Capital Drift Team. Como competidor, conquistou o terceiro lugar no primeiro campeonato nacional de Drift e o Brasileiro. Além disso, teve a oportunidade de competir no 1º Mundial de Drift King Of Nations, representando o Brasil, em 2016.
Para ele, no Brasil, o Ultimate Drift é o único campeonato nacional que consegue mostrar o esporte. “É isso que a nossa equipe busca, profissionalismo acima de tudo. Me sinto muito feliz por fazer parte dessa história. Nosso esporte é o balé do automobilismo”, complementa.
Com origens de Planaltina, Silva se encantou pelo esporte em 2003, em sua visita ao Japão, onde teve o primeiro contato com a modalidade. “Comecei como amador. Quando retornei ao Brasil, me tornei piloto profissional em 2012, participando de vários campeonatos regionais e nacionais”, indica. Um ano depois, Silva trouxe para Brasília a primeira associação da categoria: o Clube Automobilístico de Drift da Capital (CADC).
O futuro do drift
Rodolpho Cunha, 47, campeão brasiliense de drift e vice-campeão sul-americano na modalidade, indica que o esporte será uma das maiores categorias automobilísticas. “O drift é o esporte automotor que mais cresce no Brasil e no mundo. Os contatos e proximidades entre os carros em alta velocidade emocionam o público além da potência e técnica desenvolvida pelos pilotos”, informa.
Cunha ainda explica que, atualmente, um dos maiores campeonatos do mundo é o D1, realizado no Japão. Entretanto, nos Estados Unidos, a Fórmula D também entra como uma competição de peso para os pilotos. Já na Europa, o Drift Masters (DMEC) é o responsável pelo destaque para a categoria.
No Brasil, o Ultimate Drift cresce como uma grande aposta para fazer parte dos gigantes da competição. Para Cunha, é o campeonato onde os melhores carros e pilotos se encontram para disputar o título de campeão brasileiro. “Me sinto honrado em disputar”, comenta.
Ultimate Drift
Com pista montada no estacionamento da Arena BRB Mané Garrincha, os brasilienses poderão acompanhar de perto o Ultimate Drift. Os ingressos de meia entrada custam R$ 25 para o sábado (28/5) e R$ 35 para o domingo (29/5). O passaporte para os dois dias variam entre R$ 90 e 330. Os bilhetes podem ser adquiridos pelo site Lets Events. Além disso, assinantes do Correio Braziliense têm 20% de desconto nos ingressos (todos os setores). O código promocional está disponível para assinantes no site Clube do assinante
Fonte: Correio Braziliense