“Em 20 anos de profissão, nunca vi algo semelhante”, afirma o 3° sargento de Polícia Militar Soniel, de 49 anos, que atuou nas buscas pela esteticista Priscilla Pereira da Silva, de 46, que ficou desaparecida por quase 9h na última terça-feira (17) no mar em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Ela chegou a ser dada como morta por familiares e amigos.
Em entrevista exclusiva ao g1, o sargento do Corpo de Bombeiros confessou que nunca havia vivenciado situação semelhante à que foi protagonizada pela esteticista.
Soniel conta que o grupo de salvamento, formado por seis oficiais, começou o trabalho de buscas por volta das 8h, na Praia do Guaraú. A mulher, no entanto, foi encontrada longe do mar, mais precisamente na beira da estrada, por volta das 16h. Foi uma colega confeiteira quem a resgatou.
Segundo o sargento, durante os trabalhos de buscas, a sobrevivente chegou a ser avistada na “Toca do Índio”, praia que, segundo ele, fica a aproximadamente três quilômetros da Praia do Guaraú [por mar]. O profissional também contou que socorristas chegaram a utilizar motos aquáticas para procurar a vítima, mas não adiantou.
Soniel explica que os bombeiros costumam navegar quase 300 metros ao redor da área do desaparecimento. A distância, segundo ele, normalmente é suficiente para localizar vítimas. No caso de Priscilla, porém a estratégia não funcionou. “Uma coisa bem fora do normal”, lembra.
Veja o relato de Priscilla
Mulher dada como morta pela família fala com exclusividade ao g1
Perigo
A sobrevivente relatou ao g1 que, depois de ter sido arrastada pelo mar para a segunda região de pedras, ela conseguiu subir nas rochas e seguiu por uma trilha.
O sargento explicou que a trilha, apesar de poder ser utilizada, é pouco movimentada e “difícil de andar”. Além disso, demonstrou surpresa pelo fato de a esteticista não saber nadar e ter conseguido se manter na água por horas numa região de mar agitado.
Relembre o caso
Na última terça-feira (17), Priscilla e a patroa caminhavam pela orla da Praia de Guaraú com a água na altura do joelho. Em determinado momento, pausaram para fazer a “hidroginástica improvisada”, por volta das 7h, um ritual de todos os dias.
A prática era rotineira, mas, naquele dia, Priscila conta que o mar começou a ficar forte e agitado. Quando se deu conta, notou que ela e a amiga estavam com a “água na altura do peito”. Priscilla observou que sua patroa, depois de muito esforço, conseguiu sair da água. Mas ela, sem saber nadar, não conseguia.
Enquanto a amiga mobilizava o Corpo de Bombeiros para resgatar a esteticista, a profissional optou por revezar sua energia boiando e “nadando cachorrinho” para se manter acima do nível da água. Ela conta que viu o grupo de bombeiros a procurando, mas eles não a localizavam.
Após algumas horas lutando pela vida, Priscilla decidiu se arriscar a voltar para terra firme, e conseguiu. Por sorte, uma conhecida a encontrou na beira da estrada e prestou socorro. Segundo a confeiteira Fábia Martins do Nascimento, que resgatou a colega, o encontro foi “muito emocionante”.
Neste meio tempo, amigos de Priscila começaram a mandar mensagens de conforto aos familiares pela perda. Priscila viu os textos e reforçou a “sensação de gratidão por ter tido a vida novamente”. “É realmente um milagre”, finalizou.