O ex-deputado João Correia (MDB), professor aposentado do Departamento de Economia da Universidade Federal do Acre (Ufac), está na mira de adeptos da Doutrina do Santo Daime e de movimentos religiosos como o Instituto Ecumênico Fé e Política, que congrega praticantes de todas as religiões registradas no Acre.
O ex-parlamentar está sendo combatido, através de notas de repúdio, acusado de ter feito declarações preconceituosas e jocosas em relação à bebida Ayahuasca (sinônimo de Daime) como sendo uma droga e cujo uso deveria, segundo ele, ser combatido e ratado pela Associação de Parentes e Amigos dos Dependentes Químicos (APADEQ ),
As declarações do parlamentar foram feitas durante o programa de TV “Tribuna Livre”, da TV Rio Branco, ao apresentador Evandro Cordeiro. Mal o programa foi ao ar, os religiosos – de diversas denominações, católicos, evangélicos, umbandistas e outros – foram para cima do ex-deputado,
O padre Massimo Lombardi, coordenador do Instituto Ecumênico Fé e Política do Acre, foi um dos que repudiaram as declarações de Correia.
Segundo o padre, em suas declarações, o ex-deputado desrespeitou com imensa ignorância os rituais que fazem uso da Ayahuasca, “atingindo não só as comunidades tradicionais que fazem o uso religioso da bebida sagrada, mas também as culturas indígenas”.
De acordo com o padre, o ex-deputado, “numa atitude de total desconhecimento e desrespeitando também à sociedade que reconhece a tradição religiosa, como genuinamente acreana e amazônica, revelando ainda completa ignorância em relação a uma cultura indígena milenar, da sua própria terra amazônica”. O Instituto Ecumênico Fé e Política é presidido pelo ex=deputado e ex-padre Manuel Pacífico.
Em nota, Padre Mássimo Lombardi disse ainda que “as Instituições Religiosas que fazem uso do Daime ou Vegetal possuem orientação cristã e são constituídas por pessoas dos mais diversos tecidos sociais, com funções públicas e privadas, e que encontram-se trabalhando nas áreas da Saúde, da Educação, do Judiciário, na Segurança Pública, nos setores Empresarial, Comerciário, Industrial, na Engenharia, nas Polícias, na Cultura, no sistema Ambiental entre outros diversos ofícios, além de líderes religiosos que estão a serviços da sociedade prestando obras de caridade”. “Além de acolher e tratar as mais diversas enfermidades de saúde física e espiritual, incluindo a dependência química, os praticantes da religião que utilizam a Ayahuasca são também dirigidos para uma formação moral do homem de bem, pautada na ética e no humanismo”, acrescentou.
A nota do padre vai mais além: “João Correia demonstra um despreparo que o desqualifica para a política, pois um homem que não conhece sua terra, que é ignorante à sua cultura, não está apto a representar a sociedade”
A Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras, órgão do Conselho Municipal de Cultura do Município de Rio Branco, também veio à jugular de do ex-deputado Joao Correia.
O articulador da Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras, Jean Carlos Freire Lima, também emitiu nota de repúdio contra o ex-deputado.
Ele manifestou-se da seguinte forma: “Ao comparar a bebida Ayahuasca à droga ou entorpecente, o ex-deputado João Correia, ao mesmo tempo, tanto demonstra profundo desconhecimento sobre o assunto quanto desrespeito e ideias preconceituosas em relação a uma cultura indígena milenar, da sua própria terra amazônica; a diversas religiões sérias e a milhares de pessoas de bem, que fazem uso da bebida, também conhecida como Daime e Vegetal.
De acordo com o articulador, “dentre as pessoas que fazem uso de Ayahuasca neste mesmo Estado, encontram-se profissionais da mais alta índole e reputação ilibada que trabalham no Sistema de Segurança Pública, a exemplo de Desembargadores, Juízes, Promotores e Policiais, prestando relevantes serviços à sociedade, justamente combatendo o uso e o tráfico de drogas, a corrupção e outros males que assolam a sociedade”;
De acordo com Jean Carlos Freire Lima, além disso, outros diversos profissionais, de todas as classes e camadas sociais, inclusive líderes religiosos com décadas de serviços prestados à sociedade acreana, fazem uso dessa bebida e conduzem suas vidas dentro dos princípios cristãos, éticos e constitucionais. “Algumas das religiões ayahuasqueiras deste Estado são portadoras dos títulos de utilidade pública municipal, estadual e federal.
Desde a década de 1960, um dos fundadores de uma dessas religiões ayahuasqueiras assegurou, em documento público, que todos os filiados da sua religião que tivessem mais de 60 dias como efetivo estavam isentos de alcoolismo e outras condutas perniciosas à formação moral do homem. E é isso que se vê em quem faz uso sério de Ayahuasca”, acresentou..