A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) disse que carrega até hoje os rótulos de homofóbica e fundamentalista evangélica aplicados contra ela durante a disputa eleitoral para a presidência da República de 2014. Essas chagas acabam atrapalhando, atualmente, uma nova campanha para o principal cargo da política nacional.
Em entrevista ao Jornal da Cidade da Rádio Metrópole nesta quinta-feira (14), Marina disse que recebeu um convite do seu partido para ocupar uma vaga no Congresso Nacional e deve dar a resposta em breve. A ex-ministra do Meio Ambiente fez uma análise sobre os motivos de a esquerda identitária não a enxergar como uma representante das mulheres negras e nem dos evangélicos como um todo não a qualificarem como a sua representante.
Marina, que é evangélica, lembrou que, enquanto era filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), nunca foi ca foi vista como fundamentalista e homofóbica. “Enquanto eu era do Partido dos Trabalhadores, mesmo sendo a mesma pessoa que eu sou hoje, eu nunca fui vista como sendo uma pessoa fundamentalista, homofóbica e assim por diante. Isso surgiu em 2014 com a disputa eleitoral”, disse.
Marina Silva chegou a estar na frente da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas eleitorais da campanha de 2014 e foi alvo de uma campanha agressiva de seu antigo partido. “ Infelizmente a campanha de 2014 enxertou uma série de rótulos muito perversos contra mim e obviamente que pago o preço até hoje”, declara.
Marina também analisou sua receptividade no segmento evangélico. Para ela, a forma como trata o discurso político sem fazer uma associação direta à religião, faz com que parte do eleitorado protestante não a enxergue como uma verdadeira crente. “Jesus Cristo não pregava absolutamente nada dessa história de você fazer acepção de pessoas ou de qualquer tipo de coisa que não seja testemunhar o amor dele na nossa vida, nas nossa relação com as pessoas. Então uma parte (dos evangélicos) dizia “então você não é uma verdadeira crente”. Eu escuto isso até hoje, vejo isso até hoje nas minhas redes sociais. Obviamente que ninguém pode julgar a fé de ninguém. O único que pode fazer isso é Deus”, ressalta Marina.
A ex-ministra do meio ambiente também lembrou de sua forte associação com a luta pela preservação do meio ambiente e do fato de ser uma mulher negra com fortes laços com as comunidades tradicionais da Amazônia.
“Eu sou uma mulher negra, uma mulher preta, mas eu tenho uma identidade muito forte com as comunidades tradicionais, me criei dentro da floresta amazônica. Tudo o que eu sei, que aprendi tem a ver com os povos indígenas. E eu tenho muito orgulho de ter esse entrelaçamento social e cultural, mas sempre presente e lutando pelas mesmas lutas, pelas mesmas causas (do restante da militância de esquerda). Esse é um aprendizado que a gente está fazendo”, explica.