A greve dos servidores do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), que começou no dia 28 de março e teve adesão dos médicos peritos, completou 15 dias nesta terça-feira (12) e segue impactando nos atendimentos diários na agência do Acre. Uma equipe da Rede Amazônica Acre acompanhou a movimentação e conversou com alguns beneficiários que seguem chegando na madrugada para poder pegar uma ficha.
Com a greve, apenas 20 fichas são distribuídas na agência da capital por dia.
O jardineiro Elias Fernandes, de 65 anos, conta que tenta entrar com o pedido de aposentadoria e ficou sabendo que devia chegar cedo no local. “Cheguei 1h da madrugada. Me disseram que o povo dormia e aí sabendo disso, vim cedo para resolver o problema, mas não tinha ninguém. As pessoas começaram a chegar mesmo 2h ou 3h”, diz.
Ele disse ainda que apoia o movimento e acredita que é válido. “Acredito que estão fazendo certo, cada um quer sua melhora, cada um sabe onde o sapato está apertando”, disse.
Já a dona de casa Maria José Eleonor Kashinawa diz que precisa regularizar a situação da filha que está com o benefício suspenso.
“Acho que já vim umas duas vezes no INSS e em nenhuma delas consegui ficha para atendimento. Eu tô precisando consertar uns erros para voltar o benefício dela [filha] pra receber. Ela é especial, vai começar a estudar, não tenho marido, sou doente, minhas filhas são doentes e essa greve tá atrapalhando muita coisa. A gente precisa muito dos benefícios”, disse.
Maria José disse que já foi duas vezes na agência do INSS e não consegue ser atendida — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre
Greve do INSS
O movimento grevista da categoria é por tempo indeterminado. Com isso, o atendimento é mantido apenas para demandas agendadas há mais de 20 dias na agência de Rio Branco, exceto as perícias. E também há limite de fichas diárias.
José Margarido, técnico de seguro social, disse cada vez o movimento ganha ainda mais força.
“Os servidores estão doentes com sobrecarga de serviço, porque é uma demanda enorme e você vê que estamos com uma fila de atendimentos. Não é mais uma greve dos servidores do INSS e se tornou uma greve pelo INSS. A alegação [sobre uma possível negociação] é que estão esperando uma proposta legislativa que se encontra em tramitação no congresso nacional e que trata de modificações no orçamento para poder em conjunto com toda a categoria dos servidores públicos par afazer a análise do concurso público e das perdas salariais”, pontuou na época.