Bebê teve registro de possível parada cardiorrespiratória. Defesa aponta indícios de asfixia e pede investigação.
Bebê de 1 ano e 8 meses chegou ao hospital em estado grave após sair da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica.
Um bebê de 1 ano e 8 meses teve um registro de parada cardiorrespiratória no hospital, no fim do ano passado, após sair da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, que é investigada por maus-tratos e tortura.
As advogadas da mãe da criança entraram com uma petição na sexta-feira (1°/4) para apontar novo crime e pedir que Roberta Regina Rossi Serme, diretora e proprietária do colégio, seja investigada por tentativa homicídio qualificado por emprego de asfixia.
Roberta está foragida desde 22/3, quando a polícia tentou pela primeira vez prendê-la. Sua prisão preventiva foi decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em 21/3.
Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica está sendo investigada pelo Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Cerco), da 8ª Delegacia Seccional
As advogadas Nathalia Ramos Martella e Ana Carolina Badaró, que representam a mãe Bruna Naviskas, pediram ainda que o prontuário médico e outros laudos a respeito da saúde do bebê sejam averiguados pela investigação.
Mensagem da diretora
A mãe relatou que, em 16/12/21, a diretora mandou áudios pedindo que ela fosse buscar o filho na escola para levá-lo ao pronto-socorro.
Roberta teria afirmado que a criança estava com diarreia, “muito chorosa”, “com uma tosse impossível de aguentar” com rouquidão e que tinha chegado a vomitar “catarro”.
Entrada no hospital
Bruna, então, levou o filho, Theo, para um hospital particular. Na ficha de atendimento do menino, consta que ele deu entrada com cianose nas extremidades.
“Ou seja, a pontinha dos dedos azuis ou roxas, isso é muito condizente com asfixia. Ele foi tratado com protocolo sepse, que é uma emergência”, disse Martella ao Metrópoles.
O bebê foi levado para a sala de emergência. Nos arquivos médicos do menino há um registro de possível parada cardiorrespiratória. Para reverter o quadro, foi necessário o uso de medicamentos.
A criança ficou um dia internada. “Foram feitos muitos exames e não foi encontrado nada que apontasse uma infecção respiratória, como pneumonia, Covid. Então, não foi explicado porque ele chegou com quadro respiratório grave”, afirmou a advogada.
Asfixia
Na petição de novo crime, a defesa da mãe relaciona o quadro de saúde do bebê com a suposta prática de Roberta de colocar cobertores nos rostos das crianças para abafar o choro.
Os depoimentos de ao menos duas professoras relatam que a diretora teria feito isso com bebês. “Nós, como assistentes de acusação, entendemos como tentativa de homicídio”, afirmou Nathalia, advogada dos pais de Theo.
Três meses depois dessa internação, o bebê de 1 ano e 8 meses passa por tratamento psicológico, psiquiátrico e faz acompanhamento com fonoaudiólogo.
A reportagem do Metrópoles questionou a defesa de Roberta Regina Rossi Serme se ela queria se pronunciar sobre esse relato, mas até o momento não obteve resposta.
Denúncias
A Colmeia Mágica, que atendia de bebês a crianças de 5 anos, é investigada, desde 10 de março, pelos crimes de tortura, maus-tratos, periclitação de vida, que é colocar a saúde das crianças em risco, e submissão delas a vexame ou constrangimento.
Gravações que circulam nas redes sociais mostram crianças chorando e com os braços amarrados por panos. Os alunos também aparecem recebendo alimentação em um banheiro. Confira um dos vídeos feitos na escola:
Em nota divulgada em 16/3, Roberta e Fernanda Serme, diretora e vice-diretora da instituição, afirmaram que as denúncias de pais de alunos e professores são “incabíveis, inverídicas e aterrorizantes“. As representantes da entidade alegaram ainda que estavam sendo acusadas “cruel e injustamente”, sem comprovação confiável.
Fonte: Metrópoles