Em Brasiléia, atendente de lotérica nega atendimento prioritário a mãe de criança com TEA

Foto: Reprodução

 


Há dois dias da data que faz alusão ao “Dia Mundial do Autismo”, uma mãe viu seus direitos serem tratados com deboche e descaso em uma lotérica, localizada na Galeria Silvestre, no município de Brasiléia, interior do Acre.


Mônica freire Barbosa Rodrigues 32, relatou a nossa reportagem que, na última quinta-feira, 31, por volta das 13h, foi a lotérica acompanhada dos dois filhos de dez e quatro anos de idade, o menor é diagnosticado com autismo e hiperatividade. Ela conta que, ao chegar no local, só havia uma fila e ela se dirigiu a atendente e perguntou se estavam fazendo depósito e a resposta foi que sim.


“Eu falei para ela que como tinha o emblema [prioritário], ia ficar ali na fila com ele para fazer um depósito. E ela mandou eu ficar do lado e não disse mais nada. Então vi que estavam só passando pessoas na minha frente. Falei para ela que tinha preferência e ela disse que eu não tinha ‘só se alguém da fila me desse preferência’. Eu disse que tinha um laudo comigo pra provar que ele é especial e que tenho direito, pois aqui tem uma placa dizendo que eu tenho”, conta.


Mônica conta que, nesse momento em que falava com a atendente, um rapaz, que estava na fila  e se identificou como estudante de direito, disse que ela não tinha direito ao atendimento prioritário, só se o filho fosse de colo. E ela respondeu que ele não entendia da lei por falar algo como aquilo. Não bastasse todo o constrangimento, as pessoas que presenciaram a situação começaram a debochar dela dando razão aos dois (atendente  e “estudante de direito”).


Vendo que estava com seus direitos violados, a mãe então ligou para o plantão do Ministério Público de Brasiléia, foi quando uma mulher permitiu que ela entrasse em sua frente, e deixou claro que estava fazendo aquilo, mas que ela não tinha direito, pois só teria se fosse pagar ou fazer depósito para algo referente ao filho, e como ela tinha feito confusão ia ceder a vez para ela.


A mãe diz ainda que, quando o plantonista do MP chegou ao local perguntou o motivo de não terem atendido e foi informado que o atendimento havia sido realizado. Então ela contou a ele como tudo ocorreu. Houve uma conversa com prestadores de  serviço, onde foi falado sobre os direitos dela. Em seguida, Mônica foi orientada a protocolar uma denúncia no Ministério público.


Vale ressaltar que a luta pela causa autista tem crescido no país, mas ainda há muito que se aprender sobre. Há dez anos, foi sancionada a Lei 12.764, também conhecida como Lei Berenice Piana, que considera toda pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com pessoa deficiência, para todos os efeitos legais.


Nossa equipe entrou em contato com a Superintendência da Caixa Econômica Federal no Acre para saber o posicionamento do órgão, já que a lotérica é correspondente Caixa. Mas até a publicação desta matéria não obtivemos retorno.


Conversamos também com a servidora do MP, Marcia Cristina Milandi, que reforçou que casos como esses devem ser denunciados e que o órgão atende de segunda a sexta, nos horários de expediente.


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