O homem acusado de matar a adolescente Laryssa Victória foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) nesta terça-feira (26). Ele deve responder pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver, fraude processual, estupro e armazenamento de conteúdo pornográfico envolvendo menor de idade.
A adolescente, de 17 anos, foi morta em março deste ano por golpes de faca e enterrada no quintal da casa de Ronaldo dos Santos Lira, acusado dos crimes. O caso aconteceu em Ouro Preto do Oeste (RO).
Segundo o MP-RO, na denúncia, a Promotora de Justiça argumentou que o crime foi cometido por motivo torpe, com emprego de tortura e meio cruel, assim como com recurso que dificultou a defesa da vítima. Também foi considerado que os crimes aconteceram pois a vítima era do sexo feminino, em desprezo e discriminação à condição de mulher da vítima.
O Ministério Público aguarda análise do Poder Judiciário quanto ao recebimento da denúncia.
Vídeos da noite do crime
Laryssa saiu de casa na noite da sexta-feira, 18 de março, para se encontrar com amigas em uma conveniência. Imagens de câmera de segurança mostram que ela encontrou com Ronaldo dos Santos Lira e saiu do local em sua companhia caminhando normalmente.
Outras imagens, gravadas aproximadamente 1h30 depois, mostram a adolescente cambaleando e quase caindo, sendo puxada pelo suspeito por ruas do bairro Colina Park, próximo à casa de Ronaldo.
Sem laudo toxicológico
O laudo que iria dizer se a adolescente Laryssa Victoria foi drogada, antes de ser morta e enterrada, não pôde ser realizado porque o corpo dela não tinha mais sangue. A informação foi confirmada na segunda-feira (25) pela Polícia Civil de Ouro Preto do Oeste (RO).
De acordo com o delegado Niki Locatelli, a perícia confirma que a vítima sangrou até a morte e, por este motivo, não foi encontrado sangue no corpo dela para realizar o exame toxicológico.
Confessou o crime
O suspeito foi preso em flagrante no dia 20 de março, quando a polícia encontrou o corpo de Laryssa enterrado no quintal de sua casa. Ele é assistente social em Ouro Preto e conhecido no meio político da região.
Inicialmente, Ronaldo não quis dar informações sobre o caso, após alguns dias ele foi interrogado e confessou o crime. O suspeito afirmou que matou a adolescente pelo “desejo de matar” que tinha desde a infância.
Segundo relato de familiares, Ronaldo conhecia a mãe de Laryssa. O pai da menina acredita que o suspeito se aproveitou da proximidade para atrair a menina até a sua casa, onde ela foi encontrada morta.
Na mesma semana, foi concluída a perícia nos bens eletrônicos do preso: pen-drives, celular e computador. A investigação encontrou diversos materiais de pornografia infantil que Ronaldo alegou ser para uma “tese de mestrado”.
O inquérito do caso foi concluído e o suspeito foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e armazenamento de material de pornografia infantil.
O g1 tenta localizar a defesa do suspeito.
Dor da perda
Quase uma semana após o crime, o pai de Laryssa, Carlos Aparecido Rossato, conversou com o g1 e disse que busca Justiça pela filha enquanto lida com o luto.
“Quando você perde alguém da família, seja por qualquer “morte natural”, até pode ser mais compreensível, mas não dessa forma que foi feito com ela sabe? A brutalidade, a crueldade que ele usou e o tanto que ele ficou cínico fingindo que não era ele, frio”, comenta o pai.