O tamanho do tarifaço promovido nesta quinta-feira (10/03) pela Petrobras nos preços do diesel, de 24,9%, pode ser medido quando se compara com o que ocorreu em maio de 2018, período em que os caminhoneiros decretaram uma greve nacional, que abalou o país.
Nos 12 meses terminados em maio daquele ano, o diesel acumulava elevação de 25,5%, segundo cálculos do economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. Ou seja, em apenas um dia, a Petrobras reajustou o valor do diesel quase na mesma proporção do aumento reclamado pelos caminhoneiros.
Perfeito calcula que, antes do tarifaço desta quinta, o preço do diesel já havia subido 32,5% em 12 meses. Ele acredita que nem todo o aumento de 24,9% divulgado pela Petrobras será repassado às bombas dos postos. O aumento final deve ser de 18,34%. Se confirmada essa previsão, a alta acumulada do diesel saltará para 56,7%.
Caso, no entanto, os postos repassem aos caminhoneiros todo o aumento promovido pela Petrobras, o reajuste acumulado em 12 meses saltará para 65,8%, quase o triplo da elevação que empurrou os motoristas de caminhão a desligarem os motores durante o governo de Michel Temer.
Não por acaso, os economistas veem uma explosão na inflação, uma vez que os preços dos combustíveis, em especial os do diesel, contaminam toda a cadeia produtiva. As estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já caminham para 8% neste ano.