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‘Não tem como abrir mochilas’, diz advogada de colégio após aluna ser esfaqueada por colega de turma

Depois que uma aluna de 13 anos foi esfaqueada por um colega de turma no Colégio Floresta, em Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, a advogada da escola afirmou que é inviável analisar os pertences dos alunos diariamente. “Não tem como você ficar abrindo mochila de criança e adolescente para verificar se estão com uma faca. A gente sabe que é uma coisa que fugiu do normal, do racional”, ressaltou Luciana Gaston Schwab em entrevista à Record TV.


A menina, atingida por pelo menos sete golpes de faca, está internada e não corre risco de morte. Um aluno que tentou conter o agressor também foi ferido em uma perna.


As aulas na escola estão suspensas até sexta-feira (25). O local já passou por perícia. Marcas de sangue foram encontradas na sala onde o crime aconteceu, durante a troca de professores.


Imagens de câmeras de segurança mostram a vítima entrando no banheiro feminino e o agressor do lado de fora. Desde o começo do dia, ele estava acompanhando os movimentos da colega.


O ataque aconteceu quatro horas depois, já na sala de aula. Outros dois alunos desarmaram o colega, e um deles foi atingido superficialmente pela faca. O agressor tentou se esconder em uma sala de equipamentos do colégio.


O ataque aconteceu quatro horas depois, já na sala de aula. Outros dois alunos desarmaram o colega, e um deles foi atingido superficialmente pela faca. O agressor tentou se esconder em uma sala de equipamentos do colégio.


Câmeras também flagraram o momento em que o professor corre com a aluna no colo para levá-la ao hospital. O socorro foi rápido.


Segundo a diretora do colégio, Elotisa Maria Otávia Garcia, não houve discussão antes da agressão. “O menino está conosco há um tempo, é tranquilo, nunca deu problema de disciplina, bem quietinho, na dele. A menina também. Não houve provocação, nada”, revela.


Apreensão do adolescente


Para Ariel de Castro Alves, advogado especialista em direitos humanos e membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o procedimento ideal não passa pela revista da mochila de alunos.


“Poderia configurar o crime de submeter crianças e adolescentes a vexame e constrangimento, previsto no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]. A revista só poderia ter ocorrido se o adolescente já tivesse ameaçado esfaquear a colega e se existissem indícios de que ele estava com a faca nos bolsos ou na mochila”, explica.


Segundo Castro Alves, é preciso saber se o adolescente teve um surto ou premeditou o crime ou se sofre de algum problema psiquiátrico.


Ele defende a ideia de que as escolas devem ter professores mediadores para a prevenção de conflitos. “É importante ter psicólogos e assistentes sociais em escolas públicas e privadas para que atuem na prevenção desses casos. As escolas precisam garantir um atendimento mais individualizado aos alunos”, diz.


O especialista complementa: “Os pais e mães precisam acompanhar no dia a dia a mudança de comportamento dos filhos, se estão sofrendo bullying ou se estão envolvidos com conflitos nas escolas. Quais conteúdos acessam em redes sociais, por exemplo. Muitas vezes quem planeja uma agressão verifica antes situações similiares na internet”.


Investigação


À polícia, o adolescente afirmou que esfaqueou a colega porque não gostava da menina e que planejou o crime. Ele não relatou aos professores que sofria bullying. A faca foi trazida de casa e escondida na mochila.


O aluno foi apreendido por ato infracional e levado para a Fundação Casa. Dois colegas de sala já foram ouvidos. O caso é investigado pelo 24º Distrito Policial, na Ponte Rasa.


“Hoje ele deve ser apresentado à Promotoria da Infância e Juventude, que deve ouvi-lo e apresentar uma representação ao juiz para que o adolescente responda por ato infracional de lesões corporais ou tentativa de homicídio. Depois ele pode receber medida socioeducativa de internação por até três anos”, ressalta o especialista em direitos humanos.


O processo de apuração do ato infracional dura 45 dias. Nesse período, devem ocorrer audiências para que o agressor, vítimas, pais e testemunhas sejam ouvidos na Vara da Infância e Juventude.


Em nota, o Colégio Floresta lamentou o ocorrido com a aluna do 8º ano do ensino fundamental: “As atividades nos dias 23, 24 e 25 ficam suspensas para todos os alunos para que todas as providências sejam tomadas. Agradecemos as várias manifestações de apoio e solidariedade não só junto à instituição, mas, principalmente, perante todos os envolvidos, em busca da verdade dos fatos”.


O retorno das atividades escolares será apenas na próxima segunda-feira (28)


 


Do R7


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