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Israel descobre nova cepa formada da combinação de duas subvariantes da ômicron

(crédito: STR / AFP)

Em meio ao aumento de casos e mortes por covid-19 na Europa e na Ásia — em Hong Kong, necrotérios estão lotados e faltam caixões nas funerárias —, o Ministério da Saúde de Israel anunciou uma nova variante do Sars-CoV-2, com dois casos confirmados no país. A cepa, uma combinação de subvariantes da ômicron, a BA.1 e a BA.2, causou sintomas leves nestes pacientes, incluindo febre baixa, dores musculares e de cabeça, informou o governante.


Ainda não se sabe, porém, sobre a virulência da cepa. Em uma entrevista, ontem, a uma emissora local, o diretor-geral da pasta, Nachman Ash, disse que é muito provável que a variante tenha se originado em Israel. Segundo Ash, os dois pacientes testaram positivo ao chegar do exterior, mas o genoma do vírus não foi detectado em nenhuma outra parte do mundo, sugerindo a origem local. Salman Zarka, que coordena a resposta à pandemia no país, afirmou à rádio do Exército que não há motivos de preocupação. “O fenômeno de variantes combinadas é muito bem conhecido e não estamos preocupados que (a nova) leve a casos sérios.”


“A razão pela qual as variantes surgem é porque elas se encaixam melhor em seu ambiente do que a anterior, que é superada”, explica Jasmine Plummer, professora de Ciências Biomédicas do Centro Cedars-Sinai de Bioinformática e Genômica Funcional, nos EUA. Ela destaca que, no geral, novas cepas são mais virulentas. “Como você supera outra variante? Você transmite para mais pessoas. E, para transmitir para mais pessoas, você se torna mais contagioso. Todas as variantes dominantes que surgiram foram cada vez mais infecciosas. É quase certo que a próxima que surgir será mais infecciosa”, afirma.


Plummer ressalta que não se pode afirmar quando uma nova cepa se tornará pandêmica, mas ela diz que, ao vacinar a população, é possível manter variantes futuras menos contagiosas. “Mesmo que sejam mais contagiosas, temos as vacinas para ajudar. É como aconteceu com a gripe. Entramos em uma situação em que temos novos reforços e novas vacinas com antecedência, antecipando-nos às novas variantes.”


Infecções

Na quarta-feira (16/3), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), alertou que o aumento de infecções por covid em várias partes do mundo é um aviso para as Américas de que o vírus não está sob controle, apesar da diminuição de casos na região. O vice-diretor da Opas, o brasileiro Jarbas Barbosa, destacou que os casos aumentaram 28,9%, na semana passada, no Pacífico Ocidental (que inclui a China); 12,3% na África e 2% na Europa, comparado à semana anterior.


Jarbas Barbosa
Jarbas Barbosa(foto: Geraldo Magela/ agência Senado)

 


“As infecções e mortes por covid-19 estão diminuindo na maior parte de nossa região, mas ainda há muitos casos e mortes sendo relatados todos os dias — uma indicação clara de que a transmissão ainda não está sob controle”, ressaltou Barbosa, em uma coletiva de imprensa. “Desde que o vírus chegou às Américas, há dois anos, 149 milhões de casos foram relatados e 2,6 milhões de pessoas morreram.” O representante da Opas também destacou que, na contramão do restante da região, o Caribe e as ilhas do Atlântico registraram um aumento de casos em 56,6%. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, também falou, ontem, sobre a pandemia. “Não acabou. Os países precisam continuar vigilantes”, disse.


Na Europa, metade dos países também teve aumento no número de infectados na semana passada, segundo dados do Centro de Recursos sobre o Coronavírus Johns Hopkins, nos EUA. Na Finlândia, o crescimento foi de 84%, com 62,5 mil novos casos registrados no período. Na Suíça e no Reino Unido a elevação também foi expressiva: 45% (182.190) e 31% (414.480), respectivamente. Na França, em 15 de março, a média diária de novas infecções pulou para 66.460, comparado a 50.215 dos sete dias anteriores. Áustria, Bélgica, Alemanha e Itália também apresentam percentuais crescentes. No continente, a subvariante BA.2 está se disseminando rapidamente.


A situação na Ásia é considerada preocupante por autoridades de saúde. Na quarta-feira, a Coreia do Sul registrou 400.741 novos casos, o maior número no país desde o início da pandemia, há dois anos. A maior parte da população foi vacinada e já recebeu a dose de reforço. O número de mortes provocadas pelo coronavírus, por sua vez, permanece baixo.


Em Hong Kong, porém, a mortalidade aumentou 5,78% na última semana, e o reflexo disso é sentido pela população. Segundo a agência de notícias France Presse, profissionais de saúde do território autônomo começaram, ontem, a armazenar corpos de vítimas da covid em contêineres refrigerados, devido à falta de espaço nos necrotérios. Nos últimos três meses, desde o surgimento da ômicron, foram registrados quase 1 milhão de infecções e 4,6 mil óbitos. Na China continental, 30 milhões estão confinadas, depois do registro de 3 mil novos casos diários.


Adam Lauring, microbiólogo e imunologista da Universidade de Michigan, destaca que, apesar de, no geral, o número de casos no mundo ter reduzido, e de 63,8% da população ter recebido ao menos uma dose de vacina, ainda não se pode pensar em imunidade de rebanho. “Essa situação acontece quando há imunidade suficiente, seja por vacinação ou infecção anterior, de forma que o vírus não pode causar uma epidemia ou surto. Acho que não chegamos a essa fase”, diz.


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