Enfrentar uma fila extensa de caminhões carregados de cargas virou rotina para os caminhoneiros que precisam passar pelas fronteiras do Acre entre as cidades acreanas de Epitaciolândia (fronteira com a Bolívia) e Assis Brasil (fronteira com o Peru), no interior do estado.
A categoria alega falta de profissionais nos postos de fiscalização das fronteiras e afirma que a espera para que uma carreta seja liberada seja de 4 a 10 dias. Os profissionais precisam que as cargas sejam liberadas por três órgãos: Receita Federal, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [Mapa] e Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
O g1 entrou em contato com a Receita Federal para saber se o efetivo que fica na fronteira está 100% devido à paralisação dos auditores e foi informado que o órgão vai se posicionar ainda nesta quinta. O portal também procurou a Anvisa e o Mapa para saber sobre como funciona o plantão dos fiscais e aguarda retorno.
A presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Acre, Nazaré Cunha, diz que não é novidade essa demora e que os profissionais ficam parados por dias no pátio da Receita Federal esperando liberação para que possam passar pela fronteira.
“O que a gente quer é melhoria, que as autoridades se sensibilizem, porque lá não tem um fiscal fixo do Mapa, não tem fiscal fixo da Anvisa e são poucos os da Receita Federal”, reclama.
A sindicalista explica que em dias normais, quando não há greve de nenhum órgão, o tempo normal de espera pode chegar a 10 dias. Ela afirma que o que a categoria quer é melhoria e qualidade no atendimento.
“A preocupação em relação à demora é acabar faltando produto, aí é prejuízo para todo mundo, principalmente para o consumidor, que pode ficar sem produto”.
“São dois, três dias só para poder passar para a liberação da documentação e de 10 a 15 dias pátio da receita esperando na lama, porque lá não tem estrutura, não tem banheiro, água, por exemplo”, lamenta.
Demora nos postos fiscais dos municípios de Assis Brasil e Epitaciolância, municípios que fazem fronteira com o Peru e Bolívia, respectivamente — Foto: Juan Diaz/Arquivo pessoal
Nazaré diz que após serem atendimentos no posto fiscal, os caminhoneiros recebem uma senha para serem liberados pelos fiscais do Mapa e da Anvisa.
“Com a greve da Receita a espera está sendo de até 15 dias. Precisa passar por três etapas, Anvisa, Mapa e passa pela receita. O Mapa fica em Epitaciolândia e o fiscal vai duas vezes por semana, na terça e quinta. Se o caminhão chegar na terça até às 16h, por exemplo, ele é atendido normal, mas se chegar após às 16h só vai sair de lá depois que o fiscal chegar na quinta. Da Anvisa eles ligam aí vai um plantonista fazer a liberação. Fiscal direto mesmo só na receita.”
A representante do sindicato fala que se a situação continua dessa forma não tem possibilidade de o Acre exportar produtos.
“Como é que o governo quer que o Acre exporte? Perecíveis, por exemplo, estraga muita coisa. Fora o risco de o estado ficar desabastecido parcialmente por causa dessa demora, isso é a rotina que a categoria enfrenta atualmente”, finaliza.
Categoria diz que precisa ficar esperando em pátio da Receita Federal por liberação e que local não tem estrutura — Foto: Juan Diaz/Arquivo pessoal