Variante do HIV mais transmissível e agressiva é encontrada na Holanda

Foto: Reprodução

Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, identificaram uma nova variante do vírus HIV apontada como mais virulenta, transmissível e agressiva. A descoberta foi divulgada nessa quinta-feira (3/2), em um estudo publicado na revista Science.


A variante virulenta do subtipo B (VB) foi identificada em 109 pessoas analisadas no estudo, na Suíça, Bélgica e, com maior prevalência, na Holanda.


Uma análise dos padrões genéticos sugere que ela surgiu na Holanda entre o final da década de 1980 e início da de 1990, como resultado de mutações que aconteceram ao longo dos anos. A variante teria se espalhado nos anos 2000 e começou a perder força em meados de 2010.


A descoberta dos cientistas do Instituto de Big Data da universidade britânica é fruto do recente trabalho de sequenciamento genético de amostras de pessoas com HIV e chamou atenção dos pesquisadores porque 17 indivíduos apresentaram uma carga viral mais alta do que o normal.


O estudo revela que, no momento do diagnóstico, antes do início do tratamento, os pacientes da variante VB apresentaram carga viral – nível encontrado no sangue – de 3,5 a 5,5 vezes maior do que pessoas diagnosticadas com outros tipos de HIV e também eram mais propensos a transmitir o vírus.


A VB também é capaz de diminuir duas vezes mais rápido as células de defesa T-CD4 do corpo, potencializando o risco de o paciente desenvolver aids.


Descoberta não é preocupante

Apesar das características da VB, os autores do estudo afirmam que a descoberta não deve ser encarada como motivo de grande preocupação, uma vez que já existem testes e tratamento adequado para o vírus HIV.


“O pior cenário seria a emergência de uma variante que combina alta virulência, alta transmissibilidade e resistência ao tratamento. A variante que descobrimos tem apenas as duas primeiras dessas características”, disse o pesquisador sênior da Universidade de Oxford e especialista na evolução dos vírus, Chris Wymant, à BBC.


A opinião é compartilhada pelo médico Joel Wertheim, especialista em HIV da Universidade da Califórnia, em San Diego, que não esteve envolvido no estudo. “Observar o surgimento de HIV mais virulento e transmissível não é uma crise de saúde pública”, afirma o especialista.


O principal autor do estudo, o professor Christophe Fraser, da Universidade de Oxford, destacou, no artigo da Science, que as descobertas “enfatizam a importância da orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que indivíduos em risco de adquirir HIV tenham acesso a testes regulares para permitir o diagnóstico precoce, seguido de tratamento”.


“Isso limita a quantidade de tempo que o HIV pode danificar o sistema imunológico de um indivíduo e comprometer sua saúde. Também garante que o HIV seja suprimido o mais rápido possível, o que impede a transmissão para outros indivíduos”, explica Fraser.


Fonte: Metrópoles 

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