Um Casal aguarda a liberação dos corpos dos filhos neste sábado (19) no IML. No dia do desastre, mãe ficou presa no trabalho e não conseguiu chegar em casa. Pai estava com as crianças e sobreviveu mesmo após ser arrastado pelo deslizamento.
Um casal aguardava neste sábado (19) a identificação dos seus três filhos, que morreram soterrados no bairro Alto da Serra, em Petrópolis, Região Serrana do Rio. Francisca Maranguape Silva, de 50 anos, ficou presa no trabalho por conta da chuva e não conseguiu chegar em casa. Já Fábio Machado Silva, 44 anos, estava com as crianças e sobreviveu mesmo após ser arrastado pelo deslizamento.
“Eram tudo pra mim, minha vida era eles. Minha vida, praticamente, acabou. Sou um morto-vivo agora. Quero só a força de Deus e do Espírito Santo para me consolar”, disse Fábio.
Pai lamenta perda dos três filhos soterrados em Petrópolis: ‘Sou morto-vivo agora’
As crianças que morreram são:
Stephanie Maranguape Silva, 11 anos; Daniel Maranguape Silva, 6 anos; e Mila Maranguape Silva, 13 anos.
Mila, Stephanie e Daniel, crianças vítimas de deslizamento em Petrópolis — Foto: Arquivo pessoal
A mãe conta que existe uma dificuldade maior para identificar os três porque a identificação está sendo feita por papiloscopia, que usa banco de dados de RGs.
Policial usa fotos de vítimas para identificação no IML em Petrópolis — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
Barulho pareceu ‘trote de cavalo’’, diz pai
Marcas da queda sofrida por Fábio Machado Silva durante o deslizamento em Petrópolis — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
Ainda com marcas da queda, Fábio contou ao g1 que ouviu um barulho e a destruição aconteceu menos de um minuto depois. Ele chegou a voltar no local onde a casa fica, mas já não encontrou seus filhos.
“A chuva estava muito forte, eu não suspeitei de nada. Por volta das 16h15, um barulho muito grande veio do alto. Igual a trote de cavalo, fiquei desesperado. Meu instinto de pai falou mais alto e eu gritei: ‘Mila, Stephanie, Daniel’. A mais velha desceu a escada e eu fui pegar os três. Nós voltamos para escapar do desastre, só que a água aumentou e me jogou lá na casa da minha cunhada a 30 metros de distância. Antes de cair, eu falei ‘sobe, meus filhos’. Eu retornei pro local 20 minutos depois, mas já era tarde”.
Francisca Maranguape Silva, 50 anos, mostrando a filha Mila — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
A mãe das crianças, Francisca, contou que não consegue se alimentar desde terça-feira (15).
“Eu não como desde terça-feira. Tô só no suquinho, na água… mas Deus que está me mantendo em pé. Quando eu me deito, eu choro, porque eu não vou ver mais as minhas crianças, né? Eu adorava fazer as coisinhas, eram tudo pra mim”, contou.
Francisca mostrando a filha Stephanie, vítima da tragédia em Petrópolis — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
“Daniel, uma semana antes, chegava na porta da cozinha e falava pra mim: ‘Mãe, eu te amo, o que eu faço pra te ajudar pra você ficar comigo, porque eu quero que você fique comigo’. Parece que ele tava adivinhando. E a Stephanie no domingo chorou muito, muito. Aí eu falei assim: o que essa menina tem? ‘Eu não sei, mamãe, eu não sei’. E a Mila nunca foi de fazer as coisas pra mim, aí nesse dia ela começou a fazer um monte de coisa pra mim. Parece que eles estavam adivinhando o que ia acontecer pra frente, isso não sai da minha cabeça”, completou.
Francisca mostrando o filho Daniel, vítima da tragédia em Petrópolis — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
Fonte: G1 Rio — Petrópolis