A destruição de áreas de floresta no estado do Acre alcançou um alarmante patamar nos últimos três anos. O desmatamento na região mais que dobrou entre agosto de 2018 e julho de 2021 que no mesmo período de 2015 a 2018. É o que mostra um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipan), publicado no início deste mês.
Para o Ipan, o avanço da destruição na Amazônia ficou mais evidente a partir da gestão do presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018. O documento aponta que o desmatamento em toda a floresta amazônica aumentou 56,6% em relação aos três anos anteriores.
Foram utilizados dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Conforme a pesquisa, as maiores áreas desmatadas no bioma estão concentradas na divisa Amazonas-Acre-Rondônia, região conhecida como Amacro, onde grandes áreas desmatadas têm ocupado Florestas Públicas Não Destinadas e Áreas Protegidas como Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
No ranking de desmatamento total, o Acre ocupa a 5ª posição com mais de 730 km² de floresta derrubados ao ano no triênio 2019-2021. Ao todo, o estado concentra 7% do desmatamento ocorrido nas áreas protegidas da Amazônia entre 2020 e 2021.
No entanto, o estudo mostra que o Acre foi o estado da região Amazônica que mais perdeu área de floresta em termos proporcionais ao território entre os triênios analisados.
Desmatamento no Acre mais de dobrou entre os triênios 2016-2018 e 2019-2021 — Foto: Reprodução
A pesquisa destaca ainda que no Acre há uma preocupante tendência de aumento gradual entre os anos do último triênio, principalmente em 2020/2021. O último triênio teve maior área desmatada do que o anterior: foram 737 km² contra 362 km².
“No Acre, as áreas críticas de desmatamento estão nas regiões de Feijó, Tarauacá, Sena Madureira e Rio Branco, sendo que nos três primeiros municípios o desmatamento ocorre mais às margens da BR-364. A Reserva Extrativista Chico Mendes está entre as Unidades de Conservação que apresentaram maior alta de desmatamento absoluto, com aumento de 65% no último triênio (2019-2021), em relação ao triênio anterior (2016-2018)”, destaca a pesquisa.
Recomendações
O estudo traz recomendações para que os dados de desmatamento no bioma sejam melhorados. Entre elas estão:
- Restabelecimento do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia e apoio à reformulação dos Planos Estaduais de Prevenção e Controle do Desmatamento;
- Articulação institucional e comando e controle inteligente;
- Destinação de florestas públicas para conservação e produção florestal sustentável;
- Segurança territorial de Áreas Protegidas e apoio a economias de base florestal;
- Incentivos econômicos para conservação de ativos florestais privados;
- Assistência técnica e incentivos econômicos para agricultores familiares;
- Rever retrocessos de políticas ambientais.