As máscaras N95, usadas para evitar a infecção pelo novo coronavírus, poderão ser reaproveitadas como protetores faciais contra surtos de doenças respiratórias, apostam cientistas americanos. Em um artigo publicado no periódico American Journal of Infection Control, eles mostram como descontaminaram o acessório usando peróxido de hidrogênio vaporizado (VHP, em inglês). A técnica fez com que as máscaras antigas mantivessem a função e a eficácia por até 25 ciclos de “reciclagem”.
Os cientistas avaliaram sete marcas de protetores faciais. Todas as vezes em que eles recebiam o VHP, realizava-se uma série de testes qualitativos e quantitativos com a intenção de analisar seu desempenho em seres humanos. Máscaras novas foram usadas como comparativos nos testes, e os resultados mostraram que, após 25 ciclos de descontaminação, não houve alterações na integridade respiratória e na eficiência de filtração de todas as marcas avaliadas.
“Os dados obtidos em nosso estudo expandem descobertas anteriores, de outros cientistas, que mostraram o uso do VHP como um método relativamente seguro para reprocessar respiradores N95. Também reforçamos que esse descontaminante pode ajudar a resolver a escassez de protetores”, enfatiza, em comunicado, Christina F. Yen, principal autora do estudo e infectologista no Centro Médico Beth Israel Deaconess, nos Estados Unidos.
Equidade
Os pesquisadores ressaltam, ainda, que a técnica poderá ajudar a tornar a medida protetiva mais igualitária.”Esses dados deixam claro que investir em VHP agora pode ajudar a garantir o acesso equitativo ao equipamento de proteção individual durante qualquer pandemia futura”, explica Yen.
Uma maior facilidade nos processos de proteção aos profissionais de saúde que lidam diretamente com doenças infecciosas também é cogitada. “É importante que, agora, encontremos maneiras de dimensionar essa tarefa para hospitais menores e ambientes de saúde com recursos limitados, locais que podem se beneficiar bastante durante o combate à covid-19 e também em cenários de desastres futuros”, detalham os autores do estudo. Como próxima etapa, o grupo planeja desenvolver equipamentos que realizem a descontaminação das máscaras em centros médicos e hospitais.
Fonte: Correio Braziliense