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Primeira enfermeira a se vacinar contra Covid no AC há um ano lamenta morte de colegas: ‘se tivesse vacina não teriam morrido’

No dia 19 de janeiro de 2021, Acre iniciava a vacinação contra o coronavírus. Infectologista diz que ‘vacina veio para mudar a história natural da Covid’.
Já homenageada com uma arte no PS, Maria José Monteiro foi uma das primeiras vacinadas no estado do Acre.
Há exatamente um ano, os acreanos paravam em frente à TV para acompanhar a aplicação da vacina contra Covid nos primeiros rio-branquenses. Eram doses carregadas de esperança em um período crítico da pandemia. Todos paravam para acompanhar o que há muito pediam: a vacina.
A solenidade do dia 19 de janeiro do ano passado marcou o início da vacinação contra a Covid e contou com quatro pessoas que foram vacinadas. Entre elas estava Maria José Monteiro, de 69 anos. Com quase 40 anos dedicados à saúde, ela também é um dos rostos que estampam a arte de 23 metros na fachada do pronto-socorro em homenagem aos que ficaram na linha de frente no combate contra o coronavírus.
Naquele dia, ela foi a segunda a receber a dose da vacina. Ela disse que ficou bastante emocionada e ainda hoje, passado um ano, ainda lembra como foi importante o início da vacinação no estado. Atualmente, ela já está com o esquema vacinal completo, incluindo a dose de reforço, e continua sendo uma combatente importante no centro-cirúrgico do pronto-socorro da capital.
Hoje profissional diz que lembra da mortes dos colegas de profissão e é impossível não pensar quantos poderiam ter se salvado, caso tivessem tido acesso à vacina a tempo.

Vacina muda casos graves de Covid e diminui internação, diz infectologista — Foto: Cassius Afonso/Rede Amazônica
Dados que estão no Observatório do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) apontam que 15 enfermeiros morreram vítimas da Covid em todo o estado.
“Continuo atuando na linha de frente porque estou com meu esquema vacinal completo. A gente fica mais tranquila, com mais ânimo para trabalhar e com mais segurança. É obrigação se vacinar, é um dever do cidadão. A vacina tem salvado muitas vidas. Se todos os nossos colegas de profissão tivessem tomado a vacina não teriam morrido. Temos que tomar por nossos filhos, netos, colegas, porque isso é respeito. Por isso é obrigação de todo mundo tomar, quem tomou sentiu reações, mas tudo comum, a gente tem mais é que agradecer”, destaca.

Quatro primeiros vacinados receberam carteirinha em Rio Branco em janeiro de 2021 — Foto: Aline Nascimento/G1
Assim como em todo o país, os grupos prioritários foram os primeiros a serem vacinados contra o vírus. De forma decrescente, a Saúde de cada município ia estipulando as faixas etárias que entrariam no processo de imunização. Em Rio Branco, por exemplo, foi em 14 de junho de 2021 que as doses começaram a ser dadas para o público geral – sem comorbidade – a partir dos 59 anos para cima.
Até que a vacinação fosse amplamente aplicada em todos os públicos, o estado acreano passou por meses críticos. Os meses mais letais da doença no estado foram março e abril do ano passado, quando morreram 254 e 267 pessoas respectivamente por conta do vírus.
Foi em março também que o sistema de saúde do Acre entrou em colapso: leitos de UTI Covid 100% ocupados e houve necessidade de transferir pacientes para Manaus. Março foi marcado por um dos piores meses da pandemia desde 2020, quando o estado registrou os primeiros casos da doença.

Painel de vacinas do Acre segue desatualizado desde o dia 9 de dezembro do ano passado — Foto: Reprodução
Somente em julho os maiores de 18 anos começaram a ser vacinados, chegando até para os maiores de 12 anos. Dados do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Acre mostram que o público-alvo da vacina no estado é 668 mil pessoas – a partir dos 12 anos de idade e, de acordo com dados da Sesacre, 432.86 estão imunizados com esquema vacinal completo (primeira e segunda dose e dose única) – isso equivale a 65% do público-alvo.
Já na última segunda-feira (16), Rio Branco começou a vacinar crianças de 5 a 11 anos com as vacinas pediátricas que chegaram ao estado. Na quinta (20) começa a vacinação de crianças com comorbidades independente da faixa etária.
Devido ao ataque hacker no sistema, em dezembro do ano passado, os dados da vacinação não são atualizados no painel de vacinas. O g1 questionou a Sesacre se há uma previsão para que isso seja normalizado e a secretaria disse que apenas o Ministério da Saúde pode falar. O g1 aguarda posicionamento.

‘Vacina veio para mudar história da Covid’
A infectologista Cirley Lobato destacou que durante um ano é possível ver o reflexo da vacinação, por exemplo, na redução dos casos graves da doença. Antes da vacina, as pessoas tinham mais possibilidade de pegar a forma grave da doença, serem internadas e até morrer, agora, se a pessoa estiver com o esquema vacinal completo os sintomas, na maioria dos casos, são leves.
“A vacina veio para mudar a história natural da Covid, embora a vacina não esterilize o vírus, não impeça a infecção, a gente tem constatado o aumento no número de casos nas últimas semanas, porém, sem gravidade. A maioria das pessoas apresenta quadro leve e não temos visto evolução para casos graves ou óbitos. As pessoas que estão sendo hospitalizadas são as que estão com o esquema vacinal incompleto ou aquelas pessoas que já fizeram o esquema completo há quatro ou cinco meses, ou seja, que estão necessitando da dose de reforço ou quem não tomou nenhuma dose”, esclarece.
A especialista reforçou ainda a importância da vacinação para frear o número de mortes, mas enfatiza também que os cuidados sanitários devem ser mantidos.
“A vacinação é uma arma que nós temos, claro que associada a outras medidas para mitigar o vírus; como uso de máscara, evitar aglomerações, manter distanciamento social e uma coisa muito importante que é lavar as mãos ou higienizar com álcool em gel. Com as novas variantes surgindo, temos que cumprir essas medidas, porque a vacina vem cumprindo seu papel, ela diminui o tempo que o indivíduo fica com o vírus, mas ele ainda transmite e as pessoas vacinadas ainda podem ser contaminadas”, alerta.
Casos de Covid
No boletim da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), divulgado na terça (18), o Acre registrou 49 casos, fazendo com que o número de infectados saia de 90.250 para 90.299. Nenhuma morte foi registrada, assim, o número de óbitos pela doença continua o mesmo, 1.854. Desde que o número de novos casos de Covid começaram a aumentar no Acre, na última terça (11), o estado teve um total de 1.859 infectados pela doença em uma semana.
Dos 20 leitos de UTI Covid no estado, seis estão ocupados, tendo assim um taxa de ocupação de 30%.


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