Ela disse que não se arrepende, disse que faria tudo de novo”, afirma delegado sobre adolescente de 14 anos que matou tia.
O Delegado da Polícia Civil relatou a naturalidade e intelgiência da adolescente de 14 anos que confessou ter assassinado a tia, Maria Antonieta de Souza Abreu, de 38 anos, na noite da última segunda-feira,24, em Feijó.
“Eu estive aqui”, com um coração e marcas de sangue no papel, dizia o bilhete.
Ao confessar o crime, a menina disse que odiava a tia e que faria tudo novamente.
O crime aconteceu por volta das 18h, na casa da vítima, no bairro Esperança. De acordo com a Polícia Civil, a menina rendeu primeiro o primo, de 10 anos, dentro do quarto e o feriu com golpes de faca no pesçoco deixando-o amarrado numa cadeira, com um cinto. Em seguida, ela seguiu para o quarto da tia, na qual desferiu vários golpes de faca, após uma briga em vários cômodos da casa.
Convencida por amigos e familiares, a menor se apresentou na delegacia algumas horas após cometer os crimes. O delegado Railsson Ferreira, responsável pelo caso, concluiu os depoimentos na manhã desta terça-feira,25, e informou os detalhes do crime.
Segundo o delegado, a mãe da adolescente está viajando e, por isso, ela passava o dia em casa, mas dormia na casa da tia, que fica em frente à sua casa. O crime foi premeditado e por volta das 18h, a menina pegou uma faca antes de ir para a casa da vítima.
Na residência, ela aproveitou o momento em que o primo foi para o quarto e tentou sedá-lo com um pano molhado de álcool no rosto. Sem sucesso, ela pegou a faca e começou a atingi-lo na região do pescoço. Em seguida, o amarrou na cadeira com um cinto e trancou o quarto. Antes de seguir para o quarto da tia, ela foi à cozinha pegar uma faca maior, pois a sua havia quebrado durante a briga com o primo.
“A vítima estava assistindo TV, meio que de bruços, sem conseguir ver a porta, então ela não viu a sobrinha entrar. A menina aproveitou que não foi vista e já a esfaqueou no pescoço algumas vezes e começaram uma luta corporal. Do quarto elas continuaram a brigar na sala e seguiram para a cozinha, onde ficaram arrodeando a mesa, arremessando cadeiras e com golpes de faca das duas”, relata o delegado.
Com o chão repleto de sangue, a vítima escorregou e a sobrinha pegou uma panela de pressão para continuar as agressões. ” Tacou a panela de pressão na cabeça da tia que a panela ficou amassada. E continuou com a faca que até quebrou a ponta com tantos golpes. A faca ficou cravada nas costas da vítima. Ela tomou banho no local, trancou a casa e foi para sua residência”, afirma Ferreira.
De casa, por telefone, ela chegou a pedir gases para fazer curativo nas mãos e depois saiu. Uma vizinha estranhou a movimentação, ouviu os gritos do filho da vítima, chamou outro parente da família, descobriram o ocorrido e chamaram a polícia.
Ainda segundo o delegado Railsson, por volta das 22h30, a adolescente chegou na delegacia, por conta própria e confessou o crime. ” Ela não se arrepende, disse que faria tudo de novo. A motivação é porque ela odiava a tia dela e uma das razões desse ódio era porque a tia dela não deixava ela sair, ir à praça, namorar, etc. A história é essa mesmo, estou convicto, sem sombra de dúvidas que a história foi essa mesmo. Com base na fala dela, da criança e outras testemunhas”, afirma.
“Narrativa limpa”, afirma delegado sobre depoimento da adolescente
Detalhes como a faca que ela levou de casa e o bilhete deixado no local do crime chamam a atenção para a possível frieza da adolescente. O delegado Railsson falou sobre a postura dela na delegacia, ao prestar depoimento.
“É uma criança extremamente inteligente, com uma narravita que poucos adultos tem. Ela fala de uma forma espetacular com uma narrativa limpa, construção perfeita, harmônica, bem concatenada . Ela repete a história 500 vezes, olhando no teu olho, com um ar normal. Não é um ar de superioridade, de afronta, mas um ar de que matou e de está tudo bem, a vida segue”, afirma.
Na casa da adolescente foi encontrado ainda um diário, com anotações sobre mortes e sobre algo que ela faria que os parentes iriam reclamar. Mas para o delegado trata-se de reclamações comuns da idade, pois as anotações são de um ano atrás. “Mas o bilhete ela realmente escreveu”, diz o delegado.
O caso foi encaminhado para o judiciário e a adolescente deve ficar internada em um reformatório de Rio Branco. O filho de Maria Antonieta foi atendido no hospital da cidade e levou pontos no pescoço, mas não corre risco de morte.
Com informações A Gazeta do Acre